Caberá ao desembargador Alberto Ferreira de Souza apreciar o pedido de liminar em habeas corpus e decidir se coloca em liberdade o médico e empresário Rodrigo da Cunha Barbosa, filho do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Ele foi preso, ontem, no desdobramento da 3ª fase da Operação Sodoma e acusado de integrar uma quadrilha que, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), era chefiada por Silval e recebeu milhares em propina cobrada de empresários que mantinham contratos com o governo do Estado.
O habeas corpus, assinado pelo advogado Valer Melo, foi distribuído nesta terça-feira (26) à 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e ficou sob relatoria de Alberto Ferreira. O HC já está concluso ao relator para receber uma decisão e foi colocado sob segredo de Justiça. O mandado de prisão bem como de busca e apreensão na casa de no escritório de Rodrigo foi expedido pela juíza Selma Rosane Santos Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
O HC foi distribuído ao desembargador Alberto por pendência, ou seja, em virtude de ele já relatar pedido semelhante em nome do ex-secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, que também está preso por fatos investigados na Operação Sodoma, deflagrada pela Polícia Civil no dia 15 de setembro de 2015, por meio da Delegacia Fazendária (Defaz).
Rodrigo da Cunha Barbosa é descrito pelo Ministério Público Estadual (MPE) como o "longa manus" de Barbosa, ou seja, que atuava como uma extensão do poder do pai dele. Rodrigo era, segundo o MPE, um dos arrecadadores da propina paga por empresários que mantinham contratos com o governo do Estado.
Na denúncia assinada pela promotora de Justiça, Ana Cristina Bardusco, Rodrigo apesar de não ocupar nenhuma função na Administração Pública de seu pai tinha como tarefa dentro da quadrilha “identificar aliados e ‘fonte de receita’ para o grupo criminoso e arrecadar a parte da vantagem indevida que cabia a Silval Barbosa”.
O Ministério Público exemplifica que o médico recebeu propina de 85% do montante de R$ 510 mil pago pelo empresário Júlio Minori Tisuji, dono da empresa Web Tech Softwares e Serviços Ltda, que tinha contrato com o Estado.
Foi a primeira vez que o nome de Rodrigo veio à tona nas investigações que estão em curso desde 2015. “A revelação tardia da participação de Rodrigo Barbosa nas investigações em curso, poderá provocar a conclusão que sua atuação era limitada e, portanto, pouco perceptível, tratando-se de membro de pouca expressão na organização criminosa. Sem dúvida conclusão equivocada, pois, ao contrário, a sua importância é proporcional à proteção que sua identidade recebeu ao longo da atuação da organização criminosa”.