Com a proximidade das eleições de outubro e em período pré-convenções, alguns pré-candidatos vão ficando pelo caminho e três nomes despontam como favoritos na corrida ao Palácio Paiaguás. O atual governador Pedro Taques (PSDB), o senador Wellington Fagundes (PR) e o ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes (DEM), já trabalham, em níveis diferentes, as suas pré-candidaturas. Enquanto a propaganda eleitoral não é permitida (inclusive com veto à nomenclatura “candidato”), as redes sociais são terrenos férteis para divulgação dos trabalhos e de respostas às críticas adversárias.
Nesta área, Taques sai em vantagem beneficiado pela estrutura governamental que lhe permite mais exposição. Ele é o pré-candidato com mais seguidores, sendo 164 mil no Facebook e 70 mil no Twitter. A rede de Mark Zuckerberg é a favorita do tucano, que diariamente faz postagens mostrando obras da sua gestão, fotos com cidadãos mato-grossenses, textos tentando explicar decisões polêmicas que toma e fazendo transmissões ao vivo de entrevistas que dá para veículos de comunicação. No Twitter, os 70 mil seguidores (um número considerável) são desprezados desde junho do ano passado, data da última atualização.
Fagundes também é ativo nas duas redes sociais. Tem 19 mil seguidores no Facebook , 5 mil no Twitter e costuma fazer atualizações diárias divulgando, principalmente, seu trabalho como legislador ao receber visita de apoiadores em cobrança de suporte para suas regiões, e as ações que consegue fazer com apoio institucional do Senado.
Já Mauro Mendes, que estava afastado da política desde que saiu da prefeitura da capital, em 2016, tem uma conta particular no Facebook, com 4,5 mil seguidores, que está desatualizada desde 2015. Nesta página, na foto de capa da sua página é ladeado por Pedro Taques e pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, durante um ato político do PSB.
O profissional de marketing em Sinop, Cleyton Laurindo, que trabalha em campanhas eleitorais há 20 anos, acredita que as redes sociais serão “o fiel da balança” neste pleito e que os políticos com uma base formada já têm uma vantagem. “O Taques e o Wellington já saem em vantagem porque usam uma estrutura pública para administrar suas redes e saem na frente. O Mauro Mendes ficou um tempo fora da vida pública e volta agora em desvantagem neste quesito. Penso que ele já devia estar preparado para isso e com a equipe formada e trabalhando”, analisa.
Na mesma proporção que a popularidade nas redes sociais é benéfica, ela demanda trabalho de administração. Segundo Laurindo, principalmente em campanhas eleitorais, existe uma grande equipe formada por jornalistas, social mídias, analistas políticos e marqueteiros para cuidar da imagem dos candidatos. “Não é o candidato que cuida das redes sociais. Ele tem uma grande equipe de conselheiros, ligados em pesquisas de opinião pública, que fazem as orientações para as postagens”, explica.
Também na mesma proporção que o número elevado de seguidores representa uma vantagem, pois entende-se que são simpatizantes do político e multiplicadores de suas ideias, ele pode gerar um risco pelo fato de o candidato ficar exposto a questionamentos, como, aliás, acontece muito com Pedro Taques, perguntado diariamente sobre nomeações de concurso público.
“Não é só a utilização da rede social que pode definir uma campanha. O principal é como ela vai ser utilizada, qual é a capacidade de responder às críticas e de como o candidato tem o domínio de situações como estas. Neste sentido, o Taques é uma grande vitrine para os ataques, pois como governador, ele deve sofrer críticas dos indecisos e dos eleitores que já se decidiram pelos outros candidatos”, avalia.
O diretor da Real Dados, instituto de pesquisa que atua há 20 anos na região Norte, Miro Teodoro, confirma a afirmação de Laurindo sobre a importância das redes sociais no processo eleitoral. O pesquisador acredita que metade dos eleitores em Sinop esteja desinteressada pelas eleições e afirma que nunca teve tanta dificuldade para fazer pesquisas eleitorais como agora. “As pessoas não querem nem responder às perguntas”, revela.
Com base em pesquisas de opinião que realiza, Miro acredita que o trabalho das redes sociais será mais importante do que a propaganda eleitoral na TV, que, ele estima, deve ter audiência perto de 10%. “O candidato que não estiver antenado com o Facebook, Twitter, Instagram e WattsApp está fadado ao insucesso. E o eleitor está avaliando o candidato pelas redes sociais há muito tempo e não deve aceitar aquele que fizer um perfil apenas para a eleição. A rede social humaniza o candidato, que pode se favorecer, por exemplo, com lives (gravações ao vivo) mais naturais do que a tradicional propaganda eleitoral, mas pode ser destruído com as fake news”, conclui.