Dia 5 de outubro está chegando. Com ele, o prazo final para que eventuais candidatos a prefeito e vereadores nas eleições do ano que vem possam estar filiado em uma sigla. Apesar dos impasses jurídicos em relação à fidelidade partidária ainda afetando o processo político-eleitoral, políticos se movimentam. Por exemplo, é dada como certa já a saída do deputado Walter Rabello do PMDB. Há tempos ele conversa com o Partido Progressista, dos deputados José Riva e Pedro Henry – hábeis negociadores políticos. Numa conversa telefônica com alguém a quem chamou de “padrinho”, Rabello comunicava, sem muita cerimônia quanto a presença de estranhos, que ia mesmo sair do PMDB.
Líder nas pesquisas de intenção de votos, o desgosto de Rabello é cada vez mais evidente dentro do PMDB. Especialmente quanto a forma em que a sigla vem trabalhando a política de entendimentos futuros. Fontes revelaram que o deputado federal Carlos Bezerra, uma espécie de presidente eterno do partido no Estado e que jura de pés juntos que o PMDB terá candidato a prefeito de Cuiabá, já teria, em verdade, negociado o apoio da sigla com o PSDB. Bezerra teria firmado alguns acordos políticos envolvendo eleições nas cidades de Primavera do Leste, Campo Verde e adjacências, onde exerce influência política.
Rabello teria percebido a “manobra” e quer deixar o PMDB. Antes, porém, busca costurar outros entendimentos, como ocorre em Barão de Melgaço, uma de suas bases eleitorais. Comunicador de TV com estilo popularesco, o deputado estadual garante que sai candidato a prefeito de qualquer forma. Até porque, mesmo que venha sofrer um reverso nas urnas em função do pouco preparo político, já teria pavimentada sua eleição a deputado federal em 2010. Há quem garanta, no entanto, que a garantia de uma eleição ao Senado faria com o que Rabello assine sua desistência da Prefeitura de Cuiabá.
Mesma situação enfrenta o deputado estadual Sérgio Ricardo, presidente da Assembléia Legislativa. Filiado ao Partido da República, o PR, o político sofre com a falta de “apelo político”. A exemplo da eleição passada a prefeito, quando estava no PPS, parte da sigla não consegue digerir a postulação do político – que, como Rabello, também evidencia-se mais pela apresentação de programas populares numa emissora de TV da capital que de suas ações políticas como legislador e administrador do Legislativo Estadual. Sérgio Ricardo estaria de malas prontas para filiar-se ao DEM.
Prova de que a situação de Sérgio Ricardo é quase constrangedora dentro do PR deverá ser confirmada no próximo dia 22, quando o secretário de Justiça e Segurança Pública, Carlos Brito, sem mandato e, portanto, sem problemas de ordem legal, assinar sua ficha de filiação à sigla. Brito está no PDT atualmente, partido que vem fazendo oposição sistemática ao Governo de Maggi. A articulação para tirar Brito do PDT foi rápida, dando a entender que o partido poderia ter uma via alternativa para disputar a eleição a prefeito de Cuiabá. Nono político mais votado na eleição a deputado, Brito funcionaria como uma espécie de aglutinador do partido – inclusive de Terezinha Maggi e do governador Blairo Maggi, que na eleição passada ficaram em lados opostos; a primeira-dama apoiou abertamente o atual prefeito Wilson Santos em detrimento de Ricardo, candidato do partido.
Na semana passada, o deputado Roberto França, que está sem partido, chegou a mencionar que muitas coisas poderiam mudar até o prazo final. Ele mesmo ainda está sem futuro político definido. Prefeito de Cuiabá antes de Wilson Santos, França acredita que a eleição de 2008 ainda passe pelo seu controle político, isto é, fará a diferença para o lado que pender. Já disse, no entanto, que não apoiará mais Sérgio Ricardo.