Mato Grosso teve 48 candidatas às 141 prefeituras. Apenas 15 foram eleitas. O partido que mais elegeu mulheres foi o PSDB, com quatro representantes. DEM teve três eleitas e o PMDB, duas. PR, PSB, PT, PV, PROS e SD tiverem uma mulher eleita para o Executivo.
Na Câmara de Cuiabá, onde há 25 cadeiras, nenhuma será ocupada por uma mulher. Houve um tempo que haviam quatro mulheres no poder legislativo cuiabano. Durante o último mandato, apenas uma: Lueci Ramos (PSDB). Em Várzea Grande, das 21 vagas, apenas uma será preenchida por uma parlamentar, a Gisa Barros (PSB).
A falta de representatividade feminina nos poderes políticos, em um ambiente que ainda é essencialmente masculino, faz a professora Madalena Rodrigues, pesquisadora e uma das coordenadoras do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações de Gênero da Universidade Federal de Mato Grosso suspirar de lamento.
“Não ter uma mulher sequer eleita vereadora em Cuiabá é um tremendo retrocesso. Quando começamos a campanha em 1996, ‘mulheres sem medo no poder’, até que deu uma melhorada. Refletimos, fizemos cursos em Cuiabá e em outras cidades. Mas, depois acabou”, diz, referindo-se às iniciativas do núcleo em promover a inclusão das mulheres dentro dos partidos.
Para Madalena, uma grande parcela das mulheres ainda acredita que os homens são melhores que elas, mas o atual cenário brasileiro, com o impeachment de Dilma Rousseff e Michel Temer (PMDB) na presidência, também agrava a situação.
“Quando chega às urnas, o resultado se transforma em negatividade para as mulheres. A primeira coisa que precisamos perceber e investir é capacitação política para as mulheres. Um trabalho contínuo, bem antes das eleições”, defende a pesquisadora.
Ela explica que os partidos políticos devem investir em cursos de capacitação para as mulheres de forma contínua, a longo prazo, não apenas às vésperas das eleições. Hoje, as siglas têm que cumprir uma cota de 30% de mulheres candidatas. “Cotas é melhor do que se não houvesse nenhuma. Mas, elas não contribuem para que as mulheres sejam eleitas. Tem mulheres que são candidatas e não conseguem nem falar, não conseguem expressar o objetivo. Se transforma em apenas candidatas para cumprir cota, não para se eleger”, dispara Rodrigues.
Além disso, para ela ainda falta união entre as próprias mulheres. “Por que não avançamos? Por que não chegamos? Não está tendo solidariedade. Falta as mulheres acreditarem nelas mesmas, falta união e elas terem apoio para disseminar suas propostas. Enquanto as mulheres não se apoiarem, não vamos avançar”.
Veja a lista das prefeitas eleitas em MT
1. Angelina (PSDB) – Planalto da Serra
2. Bia (PMDB) – Nova Monte Verde
3. Carmen Martines (DEM) – Carlina
4. Dalva Peres (PSDB) – Cocalinho
5. Diane (PSDB) – Alto Paraguai
6. Dra. Eliane (PV) – Denise
7. Dra. Jonailza (SD) – São Félix do Araguaia
8. Luciane (PSB) – Juara
9. Lucimar Campos (DEM) – Várzea Grande
10. Mabel (PT) – Castanheira
11. Marilza (PMDB) – Nova Brasilândia
12. Rosana Martinelli (PR) – Sinop
13. Sandra Crozetta (PROS) – Juruena
14. Telma de Oliveira (PSDB) – Chapada dos Guimarães
15. Terezinha (DEM) – Nova Santa Helena