A preparação da estrutura para as eleições municipais de outubro envolve números tão significativos quanto a dimensão continental do país. Serão dois milhões de mesários, mais de 15 mil técnicos da área de tecnologia da informação, 380 mil seções eleitorais, investimentos estimados em cerca de 500 milhões de reais. Atrás destes números existe um projeto de engenharia logística que começa na fabricação das urnas e continua até depois da totalização dos votos.
Desde o momento da sua fabricação a urna eletrônica é acompanhada por técnicos da Justiça Eleitoral. Ao sair da fábrica ela é entregue aos Tribunais, mas sempre acompanhada por um servidor da Justiça Eleitoral, que é o responsável pela integridade do patrimônio. Segundo o secretário de tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giuseppe Janino, há um controle muito rígido com relação às urnas. “Há uma preocupação tanto com o valor da urna, que é um bem público, quanto com o valor estratégico, relacionado à segurança. Todo o movimento das urnas é acompanhado”, explica o Janino.
A movimentação das urnas até os municípios mais distantes do país é o maior desafio da Justiça Eleitoral. As dimensões continentais do Brasil já representam obstáculos à locomoção das urnas e estes obstáculos sempre existiram. “Mas a dificuldade se intensificou a partir do momento em que, ao invés de transportarmos urnas de lona, que não demandavam nenhum cuidado, nós começamos a transportar material eletrônico, que é frágil. A questão ficou mais complexa”, conta o secretário tecnologia do TSE.
Na própria fábrica já são feitos testes para garantir que a urna resista à locomoção e aos mais diversos tipos de transporte. O deslocamento das urnas mobiliza desde aviões, automóveis e barcos até “voadeiras”, que são pequenos barcos usado no Norte do país para atingir as populações ribeirinhas, e os jegues, muito usados para se chegar às regiões mais distantes do Nordeste.
Todo o processo é coordenado pelo TSE e conta com mais de 250 técnicos que trabalham no desenvolvimento do sistemas utilizado nas urnas. Também participam os Tribunais Regionais Eleitorais e uma empresa especializada na prestação de serviços de tecnologia da informação e telecomunicações que é contratada por meio de licitação e participa do apoio logístico deste grande evento. No processo licitatório já é definido o perfil do profissional que será contratado para transportar, verificar o funcionamento, armazenar informações e dar suporte técnico durante as eleições. Esse técnico precisa ter formação mínima em tecnologia da informação e alguma experiência com o serviço que deve ser realizado.
Eleição
Cumprido o desafio de entregar a urna intacta na seção eleitoral, começa o processo que envolve a engenharia de tráfego da informação. A urna, que é um computador adaptado para a utilização eleitoral, deve chegar ao local de votação lacrada, com todos os dispositivos de segurança instalados. Os técnicos contratados devem deixá-la pronta para a votação. Ao longo do dia os votos são depositados na máquina e, às 17 horas, o resultado das eleições já está fechado e deve ser divulgado imediatamente. “A divulgação no momento do fechamento das eleições é uma estratégia de segurança. Esse resultado se torna de conhecimento público, totalmente passível de verificação e de auditoria”, explica Janino.
Depois das eleições, há o cuidado no armazenamento das urnas. Recomeça a preocupação com a guarda dos equipamentos, tanto com relação à proteção contra os danos causados pelo meio, como umidade e temperatura, quanto no que se refere aos dados contidos nas urnas. Além disso, a cada período de três meses, equipes contratadas pelo TSE vão até os locais de armazenamento de urnas nos estados para carregar as baterias de cada uma das urnas, para que nenhuma seja danificada pela falta de utilização.