O prefeito de São Paulo, José Serra, obteve o apoio da cúpula do PFL na luta contra o governador paulista, Geraldo Alckmin, pela candidatura tucana ao Palácio do Planalto. Nos últimos dias, quando passou por Brasília, Serra articulou a pressão pefelista sobre a direção do PSDB.
O PFL deverá ser parceiro dos tucanos na eleição presidencial, indicando o candidato a vice. A Folha ouviu reservadamente dirigentes da sigla nos últimos dias. Todos se manifestaram a favor de Serra. O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), foi o único a assumir de público a preferência.
“O que tenho escutado dos dirigentes do partido é que eles preferem o Serra ao Alckmin”, diz Rodrigo. “Se o Serra for candidato, o PFL faz uma aliança com o PSDB. Se for o Alckmin, será que faz?”.
O pai de Rodrigo, Cesar Maia, prefeito do Rio, já declarou que só abriria mão de sua pré-candidatura pelo PFL ao Planalto se Serra fosse o candidato tucano.
O último membro da cúpula pefelista que preferia o governador paulista era o senador Antonio Carlos Magalhães (BA). Nas últimas semanas, ACM mudou de opinião. “O candidato para ganhar é o Serra. E eu quero ganhar”, afirmou o pefelista, segundo relato de Rodrigo Maia.
Serra também promoveu uma reaproximação com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), por intermédio do vice-prefeito paulistano, o também pefelista Gilberto Kassab.
Em conversa recente, Serra pediu a Bornhausen apoio para derrotar Alckmin. Como é presidente do partido, Bornhausen avalia que precisa preservar a interlocução com o governador, mas autorizou parlamentares de sua confiança a trabalhar por Serra.
A opinião do PFL terá peso na escolha da candidatura tucana. Serra sabe disso e quer mostrar que é realmente mais competitivo que Alckmin, como concluíram pesquisas encomendadas pela cúpula tucana. Como antecipou a Folha, 70% dos simpatizantes do PFL e do PSDB avaliaram que o prefeito é um candidato mais competitivo que o governador.
Serra deseja ser candidato a presidente, mas condiciona a postulação a uma união do PSDB em torno do seu nome. O apoio do PFL virá em momento crucial, pois o prefeito prometeu ao triunvirato tucano que coordena a escolha do candidato uma resposta definitiva até a próxima quarta.
Composto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pelo governador de Minas, Aécio Neves, e pelo presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o trio tem preferência por Serra, mas precisa que ele assuma internamente a pré-candidatura.
“Ninguém será candidato majoritário acima dos grupos políticos do PSDB e do PFL. O Alckmin está colocando o seu projeto pessoal acima desses grupos. Pode até ser candidato, mas, desse jeito, será um candidato para perder”, afirma Rodrigo Maia.
A saída de Serra da prefeitura deixaria o cargo com o PFL por quase três anos. Esse é um fator que pesa, pois Alckmin, ao deixar o Palácio dos Bandeirantes, entrega o posto ao PFL por nove meses. No entanto existem outros motivos para a preferência pefelista.
“Serra é o candidato mais preparado para assumir o Brasil, para fazer mudanças nas política econômica e nos gastos públicos”, diz Rodrigo. Outro motivo é a maior força de Serra nas pesquisas, o que facilitaria alianças nos Estados. Na pesquisa Datafolha divulgada na quarta, Serra obteve 31% no primeiro turno contra 39% de Lula. Alckmin marcou 17% contra 43% de Lula.
Rodrigo Maia diz que, se o Tribunal Superior Eleitoral não confirmar a derrubada da verticalização (que proíbe que partidos adversários na disputa nacional se aliem nos Estados), o PFL só estaria disposto a fazer aliança para presidente com Serra.