A possível ida do Partido da República (PR) para o grupo oposicionista encabeçado pelo senador Pedro Taques (PDT) continua sendo alvo de críticas feitas por lideranças partidárias e pré-candidatos do bloco de oposição. Na Câmara Municipal de Cuiabá, foi a vez do vereador Adevair Cabral (PDT) rechaçar tal possibilidade e dizer que uma união do PR, sob comando do deputado federal Wellington Fagundes, com os oposicionistas não é vantajosa para a coligação e soaria como incoerente. O motivo é que o PR está no governo há 12 anos e comanda 7 secretarias estaduais na atual gestão Silval Barbosa (PMDB).
“Veja bem, coligar com o PR proporcionalmente é suicídio, um partido que tem 7 deputados estaduais, quer coligar com o PDT na proporcional. Eu como pré-candidato sou contra essa reivindicação do PR. E também quero saber se o PR vai deixar todos os cargos que existem no governo de Mato Grosso porque o PDT não tem nenhum cargo no governo do Estado. O PR tem hoje em torno de 7 secretarias e mais o Detran”, disse ressaltando que trata-se de uma coligação adversária ao atual grupo que está no governo. “Ele quer abandonar o barco que está afundando para poder aderir ao arco de aliança de oposição”, sustentou Cabral.
O vereador disse compartilhar da opinião de Percival Muniz (PPS), prefeito de Rondonópolis, que disse numa entrevista que se for para "perder 2 para ganhar 1" não é interessante. A fala diz respeito à insatisfação do DEM do senador Jayme Campos que deverá abandonar o projeto de Pedro Taques caso o PR coligue e exija a vaga ao senado para Wellington Fagundes.
Jayme é naturalmente o candidato a reeleição e não aceitará ser “patrolado” por Fagundes que por sua vez não quer abrir mão da possibilidade de ser o candidato indicado para a única vaga no Senado. Ele legisla em seu 5º mandato de deputado federal e espera essa oportunidade há anos, mas nas eleições de 2010, teve que ceder para permitir que Blairo Maggi disputasse pelo grupo governista.
Adevair Cabral ressaltou ainda que 11 partidos (PDT, PSB, PPS, PP, PSDB, DEM, SDD, PTB, PRP, PSC, e PT do B) já estão comprometidos com o grupo de oposição, número que ele considera suficiente. Em seu entendimento, o grupo de Taques “não precisa do apoio do PR”. O vereador destacou que os 11 partidos estavam todos presentes na reunião noturna realizada na noite de segunda-feira (12) na casa do senador Pedro Taques em Cuiabá, menos o Partido da República.
“Então o PR está fora, não está no arco de alianças, ele quer aderir ao arco da oposição, mas a maioria dos partidos que já estão no arco de aliança da oposição é contra a entrada da PR. Não estou dizendo por mim, mas pelos próprios partidos. Percival Muniz (PPS) é contra, Nilson Leitão (PSDB), Jayme Campos é contra. Se você vai perder alguns desses que já estão coligados para poder aderir o PR que já está com o governo do Estado e comprometido até o pescoço com o governo, é uma situação complicada, lamentável. A população talvez não consiga entender essa coligação”.
O vereador Onofre Júnior (PSB) do partido de Mauro Mendes que por sua vez tem se vangloriado de ser o articulador da ida do PR para o bloco oposicionista, compartilhou da fala de Adevair. “Sem querer dar palpite na casa dos outros, eu acho que é levar bordoada dos 2 lados, deixar o governo nesse momento vai soar oportunismo e traição. Vai levar pancada da base do governo e vai levar pancada do lado da oposição. Acho que o PR tinha que pensar bem na sua vida daqui pra frente”, destacou Onofre.
Vale destacar que Adevair Cabral, na Câmara Municipal integra a base governista e defende a gestão Mendes. Mas por outro lado, ao recusar a aproximação do PR, vai contra os interesses de Mauro Mendes que é o principal articulador da ida do PR para a oposição. O socialista tem se “vangloriado” na imprensa dizendo que “missão dada é missão cumprida”, dando a entender que já conseguiu seu objetivo de tirar o PR do governo e integrá-lo à oposição. Questionado sobre essa situação, Cabral disse que uma coisa não nada a ver com a outra. “Estou defendendo a maioria dos partidos que estão dentro do arco de aliança que ainda estão tentando entender o PR que está há 12 anos no governo e agora quer vir pra oposição sem deixar os cargos”.