O prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), assinou decreto criando uma comissão para fazer um relatório detalhado da situação financeira do município. De acordo com ele, seu antecessor, Chico Galindo (PTB), não deixou dinheiro em caixa. Ao final de seu mandato, o petebista afirmava que seu principal legado seria deixar as contas em dia, mas a situação encontrada pelo atual gestor foi classificada como surpreendente.
Segundo Mendes, durante o período de transição não foi possível prever a situação pois sua equipe não obteve todas as informações desejadas. “Essas de natureza financeira, não tivemos nenhum acesso”, disse.
Ele ressalta que a Procuradoria Geral do Município já está fazendo um estudo do procedimento a ser adotado em relação aos restos a pagar que foram herdados da administração anterior. Ainda não há uma estimativa do montante devido, que incluiu pagamento de contratos e de fornecedores.
Ontem (7) o prefeito realizou o pagamento do salário de 2,8 mil professores contratados da Secretaria Municipal de Educação (SME). Ele ainda não tem conhecimento de outros débitos com folha de pagamento, mas estima que hajam outras pendências financeiras.
Outra surpresa encontrada pelo prefeito foi o andamento das obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Morada do Ouro. Em material publicitário confeccionado pela prefeitura no ano passado, a unidade era destacada como uma das ações a serem entregues ainda em 2012.
Durante a cerimônia de posse do novo prefeito, em 1º de janeiro, Galindo reconheceu que a UPA era a única das obras previstas para serem concluídas em sua gestão que não seria entregue, no entanto, afirmou que ela poderia ser inaugurada na segunda semana de janeiro.
Em visita ao local na tarde de ontem, Mendes ficou visivelmente irritado com o que encontrou. Antes de passar pelas obras, o secretário municipal de Saúde, Kamil Fares (PDT), tinha adiantado que seriam necessários, no mínimo, dois meses para que a unidade entrasse em funcionamento, no entanto, após a vistoria, o prefeito ressaltou que, levando em consideração seus conhecimentos como engenheiro, é impossível que a obra fique pronta em menos de 4 meses.
Ele ainda determinou que sejam feitas adequações ao projeto original que, segundo o que constatou, não atenderia a demanda proposta. “O desafio é grande e nós estamos encontrando uma realidade dura, mas possível”, ressaltou.
Mendes afirma que não tem o dever de fiscalizar atos da administração anterior, contudo, ações da gestão passada que possam interferir em seu mandato, serão analisadas com cautela pela assessoria jurídica do município. “Se tivermos que pagar um centavo agora que não for de nossa responsabilidade, só vamos fazer quando tivermos certeza que está correto”, destacou.