A delegada de Polícia Civil Ana Cristina Feldner que conduz os inquéritos relativos às interceptações telefônicas ilegais, antes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), assumir todo o processo pelo fato do governador Pedro Taques (PSDB) ser citado, saiu em defesa da legalidade do depoimento colhido do cabo da Polícia Militar Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior, na última segunda-feira. O Ministério Público Estadual emitiu uma nota nesta semana afirmando ter “estranhado” o fato de o depoimento ter ocorrido após a decisão do ministro Mauro Campbell, do STJ, requisitando toda a investigação. “Foi um depoimento legal, embasado dentro da total legalidade. Nós ouvimos as pessoas, às vezes, criticando porque já havia a decisão do ministro do STJ e por que a Polícia Civil estaria trabalhando? Eu quero ressaltar que esse trabalho foi legal. Os conhecedores da lei sabem que a gente só deve tomar conhecimento de forma oficial, após uma intimação oficial. Nós fomos intimados da decisão do STJ às 19h54 de segunda-feira, o que mostra que a Polícia Civil trabalhou de forma incessante e realmente de forma árdua. Durante todo o tempo dessa investigação, nós não tivemos descanso”, afirmou a delegada em entrevista ao programa Cadeia Neles, na quinta-feira (19).
Ana Cristina Feldner disse ainda que causou tristeza o fato da crítica ter partido do próprio Ministério Público, que, ao longo de todos os trabalhos investigativos, proferiu mais decisões contrárias do que favoráveis às representações feitas pela Polícia Civil. A delegada também justificou o depoimento pelo fato de que apesar da decisão já ter sido divulgada na imprensa, a intimação oficial não havia chegado. “Lamentavelmente, o Ministério Público criticou o fato da Polícia Civil ter tomado esse depoimento, o que nós vimos com bastante tristeza porque é uma instituição que tem conhecimento da lei e sabe que o que se vale é o oficial, a gente não se pauta por notícias de WhatsApp. Um órgão sério, com seriedade, a Justiça se pauta por comunicações oficiais”, asseverou.
Utilizando os mesmos termos da nota do MPE, Feldner também disse ter visto com “estranheza” o fato do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) ter criticado publicamente o trabalho dela e do delegado Flávio Stringuetta após ter sido revelado que o cargo Gerson Corrêa, que já atuou no Gaeco, apontou que o órgão teria realizado grampos ilegais. “É difícil falar do que está dentro da cabeça do outro, mas, pela lógica, tudo leva a crer que talvez seja isso porque o depoimento dele faz revelações do órgão do Gaeco e, na sequência vem essa crítica. A crítica deveria ser ao fato do conteúdo, da informação. Se isso for comprovado, é um absurdo. As críticas devem ser no sentido de realmente querer a apuração e não criticar porque está se tomando um depoimento e que esse depoimento vem a revelar isso. É este fato que nos causa bastante estranheza”, rebateu.