O empresário Mauro Mendes é candidato a prefeito de Cuiabá pelo Partido da República. Mais que isso: é candidato a prefeito com um discurso oposicionista duro e já afiado contra Wilson Santos, do PSDB, candidato a reeleição. “Eu falo sinceramente. Só estou me lançando candidato a prefeito de Cuiabá porque o atual prefeito deixou de fazer o que tinha que ser feito pela população e pela cidade” – disse, ao falar dos seus momentos de reflexão, de sua história de vida e, por fim, de seus anseios ao ingressar num mundo que convive há tempos, mas que não conhece tão bem, qual seja, a política. E cheio de efeitos, aposta em uma virada eleitoral ao melhor estilo da que foi realizada pelo seu padrinho, mentor e apoiador Blairo Maggi, governador do Estado em 2002.
Mendes deu, a rigor, os contornos, os tons acinzentados do que será a campanha eleitoral. Ao se oficializar na disputa, começou com aquela história de sempre, de que pretende fazer uma discussão de alto nível., mas vai partir mesmo para duras demonstrações de uma realidade municipal. Exemplo: Mendes diz que Wilson Santos acredita piamente que a população cuiabana é movida a propaganda do poder público. Ele lembrou que a verba publicitária da Prefeitura cresceu em R$ 7 milhões. “O prefeito Wilson Santos é mais um engodo” – discursou ao melhor estilo popular-comunista.
O empresário relatou que passou todo esse tempo de idas e vindas – que geraram suspeitas sobre suas reais intenções – colhendo sentimentos que pudessem ajudá-lo na decisão de sair candidato. Diz que andou pelos bairros, visitou alguns prédios públicos, especialmente na área de saúde, e conversou com cidadãos. Mendes diz ter chegado à conclusão de que a cidade tem lama e buracos o ano inteiro nos bairros. “Não será implantar Guarda Municipal que vai resolver, como deseja o prefeito” – frisou. Segundo ele, seu adversário de hoje em diante falhou com os mais necessidades porque “não teve a coragem de enfrentar os problemas sociais” que se avolumam em toda a cidade. E pregou: “O povo tem que ficar atento. Essa eleição vai definir o futuro desta cidade”.
Mauro Mendes vai aparecer aos eleitores com uma roupagem modernizada do empresário Blairo Maggi de 2002. Nascido no interior de Goiás, ele diz que sabe o que é a fome e a vontade de comer e não ter como se satisfazer. Contou que chegou em Cuiabá quando tinha 16 anos trazendo sonhos. Do sofrimento, construiu um grande império econômico-financeiro. Venceu na concepção do imediatismo moderno. Igualzinho o discurso de Maggi. Agora, então, o momento de dar sua parcela de contribuição para a cidade, do tipo devolver aquilo que recebeu. Pelo menos um pouco. “Tenho obrigação com Cuiabá” – disse, ao criticar Santos.
“Existem muitos políticos bons, mas muitos políticos que fazem coisas que envergonham” – disse. Na sua orientação filosófica, Mendes segue rigorosamente os passos do amigo, incentivador, correligionário e apoiador Maggi. Até na hora de atacar a desgastada classe política: “Política é coisa séria para ficar apenas nas mãos dos políticos”. Ou seja: qualquer semelhança com 2002 não é mera coincidência. Em outras palavras, a fórmula será a mesma que levou o governador atual a uma virada histórica contra Antero de Barros, então senador do PSDB, na época com o apoio do então governador Dante de Oliveira.
A decisão de Mendes pela candidatura coloca, agora, três nomes teoricamente fortes na disputa pelo Poder Executivo Municipal da maior cidade de Mato Grosso. Além de Wilson Santos, o atual prefeito, e dó próprio Mendes, está na disputa o deputado Walter Rabello, do Partido Progressista, que deverá contar como apoio do Partido dos Democratas. Por fora corre o PT, com José Afonso Portocarrero, em que pese o próprio PR estar articulando por todos os meios o apoio dos trabalhadores à candidatura de Mauro Mendes. Mais fora, vem ainda o PSOL cuja direção sustenta que terá candidato próprio na disputa em Cuiabá. Daí para frente, só os candidatos-folclore, que surgem sempre no derradeiro das convenções dos chamados partidos nanicos.
Além do PT, os republicanos estão se esforçando no sentido de garantir o apoio do PSB, sigla do deputado Valtenir Pereira, cuja candidatura praticamente foi inviabilizada depois que ele perdeu judicialmente o controle do Diretório Municipal. A sigla é atualmente administrada por Teodoro Lopes, o Dóia, atual presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). “Rachado”, a idéia do governador Blairo Maggi, principal articulador da candidatura de Mendes, é unir os socialistas em torno da pretensão de Mendes.