A prisão do secretário municipal de Agricultura de Chapada dos Guimarães, irmão do prefeito afastado, agravou ainda mais a crise política que o município enfrenta. São várias denúncias de irregularidades que já resultaram, inclusive, no afastamento do tucano durante 90 dias por determinação judicial em ação movida pelo Ministério Público Estadual (MPE).
Na semana passada ele conseguiu se livrar de uma cassação de mandato na câmara de vereadores e à ocasião, o presidente do Legislativo, Carlos Eduardo de Lima Oliveira, o Carlinhos (PT), disse que existiam outras denúncias graves que seriam averiguadas.
Agora, com a prisão de 3 servidores da prefeitura, incluindo o irmão do prefeito, o petista diz que é mais um fato que confirma as irregularidades na gestão do prefeito afastado. “Os gestores fazem isso para ficar mais fácil para fazer coisa errada e a prova está aí agora”, completou Carlinhos levantando suspeitas de que o prefeito já teria conhecimento do envolvimento do secretário de Agricultura nas fraudes em notas fiscais que resultaram nas prisões. “Não vamos desistir da cassação dele, vamos ver quem está do lado do povo. Durante esse 1 ano e 5 meses de gestão ocorreram várias coisas escandalosas e quem sofre com isso é o município”, afirmou o presidente.
Entre os presos pela Polícia Civil nesta sexta-feira (6) estão ainda a chefe do setor de licitações da prefeitura, que é esposa de um vereador qye está afastado da fâmara, pois está no comando de uma secretaria, uma servidora e uma dona de um supermercado. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na Secretaria de Finanças, onde os policiais apreenderam 8 computadores e documentos.
As investigações conduzidas pelas 2 delegacias, a de Chapada e a Fazendária de Cuiabá, apontam fraudes no uso de notas fiscais superfaturadas para pagamento de produtos alimentícios e de limpeza que eram adquiridos pelo município. Segundo as investigações, as notas relacionam quantidades absurdas, como a compra de 17 toneladas de arroz e 25 mil litros de detergente, cujos pagamentos foram feitos pela prefeitura e nos depósitos encontrados poucos itens. De março de 2013 a fevereiro de 2014 foram relacionados mais de R$ 600 mil, em notas superfaturadas e os valores empenhados. A fraude, segundo a Polícia Civil, ocorreu na gestão do prefeito afastado,.
De acordo a polícia, os presos vão responder pelos crimes de peculato, corrupção ativa, crime contra ordem tributária e quadrilha. Todos foram transferidos para Cuiabá e ficarão no Centro de Detenção Provisória. Os mandados foram expedidos pela juíza Silvia Renata Anffe Souza, da 1ª Vara de Chapada dos Guimarães e cumpridos na sexta-feira (6) pela Delegacia Fazendária com o apoio do delegado de Chapada, Bruno Lima Barcellos.
Conforme o Gazeta Digital apurou, as denúncias de irregularidades nas licitações que apontam para um conluio dos servidores com a dona do mercado chegaram primeiramente à câmara de Chapada. "É muito desvio de dinheiro nessa prefeitura", disse uma fonte parlamentar do legislativo chapadense que pediu para não ter o nome divulgado.
Ela disse à reportagem que a esposa do vereador é responsável por assinar as ordens de compras para todas as secretarias municipais e estaria envolvida nas fraudes. O irmão do prefeito afastado, de acordo com a fonte, é secretário municipal de Agricultura e também seria chefe de gabinete na prefeitura.
Na terça-feira (3) um pedido de cassação do mandato do prefeito afastado foi arquivado porque precisava de 8 votos, mas somente 7 vereadores votaram pela cassação. Ele corria o risco de perder o mandato, sob acusação de descuidar do bem público e descumprir preceitos legais descritos no Decreto-Lei número 201 de 1967 que dispõe sobre a responsabilidade de prefeitos e vereadores.
Segundo o presidente da câmara, novos processos contra o prefeito serão abertos, pois ainda há muita coisa para se investigar. Questionado sobre um possível caso de nepotismo pelo fato do irmão do prefeito trabalhar na prefeitura, Carlinhos declara que mesmo a câmara achando errado, tem que respeitar, pois quando se trata de cargo político, não é considerado crime. O prefeito foi procurado pela reportagem, mas estava com o celular desligado.