O escândalo do contrato firmado pela extinta Agência Executora da Copa de 2014 (Agecopa) e o governo da Rússia, para compra dos 10 veículos Land Rover Defender com tecnologia para monitoramento de fronteira, anulado pelo Executivo de Mato Grosso após série de denúncias de supostas irregularidades, provocaram a aceleração dos planos do governador Silval Barbosa (PMDB) de implementar a reforma administrativa. Devido à proporção dos reflexos negativos para o governo, a Secretaria Estadual de Segurança Pública, sob responsabilidade de Diógenes Curado, passa a ocupar os primeiros postos da extensa lista de pastas de primeiro escalão que poderão sofrer alterações.
O setor, foco de críticas ferrenhas, tem se esforçado para conter a onda crescente de altos índices de criminalidade no Estado, e é preciso reconhecer que o quadro é evidente nas demais unidades federativas do país. Mas os resultados na prática não têm agradado o governador, que espera uma atuação da pasta bem mais pontual, com rapidez de resoluções, sob risco de o Estado ficar ainda mais exposto.
A secretaria não teve vinculação direta com a decisão da Agecopa, transformada em Secretaria Extraordinária da Copa, com status de pasta, de adquirir os equipamentos. Havia apenas posição favorável do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), mas sem manifestação do comando da área de Segurança Pública. Mesmo assim, há questionamentos no Palácio Paiaguás sobre a posição adotada por Diógenes no período, de não se posicionar, pelo menos não oficialmente, gerando certos descontentamentos de integrantes da cúpula do governo.
As informações, repassadas por fonte do Estado, remetem ainda a um quadro de secretarias que estão na mira de Silval. O crivo do governador passa pelas áreas da Saúde, Infraestrutura, Planejamento, Fazenda e Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar. Existe ainda possibilidade de a Secretaria Estadual de Indústria, Comércio, Minas e Energia, hoje sob comando de Pedro Nadaf, sofrer alterações. E as mudanças poderão ir mais além, não descartando “mexidas” inclusive no corpo da Secretaria das Cidades, que faz parte da cota do PMDB, por meio de Nico Baracat.
Nesse enredo, o nome do Secretário Extraordinário da Copa, Eder Moraes, atravessa análise profunda. Membros do governo entendem que a saída dele poderia provocar um campo para maior confiança da população em relação ao Estado, consolidando avanços de imagem do Palácio Paiaguás. Por outro lado, Eder também é considerado uma das “peças-chave” do governo, com reconhecida habilidade para gerir setores com performance de destaque no campo das finanças. Coube a ele desenhar a proposta de reestruturação da dívida pública do Estado, o que permitiu ao governo dar passos importantes e cruciais em momento ímpar, em razão da crise econômica que de hora em hora, traz revisões sobre o caixa público.
Existe receio de Silval sobre parca evolução do Estado quando o assunto é firmar a “marca de governo” anunciada no início de seu segundo mandato. Lançou no período bandeira de implementar um novo Mato Grosso “com ênfase na transformação do Estado em polo industrial em alinhamento com política social e humanista. A reforma ocorrerá para atingir essa meta.