A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas receberá, na próxima semana, todas as informações dos dois inquéritos conduzidos pela Polícia Federal (PF) de Mato Grosso. Um deles envolve a suposta tentativa de compra por petistas do dossiê contra tucanos; e outro, a participação do governo anterior no esquema de superfaturamento de ambulâncias. O próprio presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), pode ir a Cuiabá buscar a documentação.
Origem do dinheiro
Na avaliação do deputado Paulo Rubem Santiago (PT-PE), um dos sub-relatores da CPMI, os trabalhos da comissão devem avançar com as informações dos inquéritos da PF, inclusive na identificação da origem do dinheiro que seria usado na compra do dossiê. “Devem avançar com os dois inquéritos em mãos, com os anexos que foram apreendidos na casa do empresário Luiz Antonio Vedoin e com a identificação de, pelo menos, a origem de 110 mil dólares – parte do dinheiro que seria utilizado na compra do dossiê -, que será encaminhada pelo delegado federal Luiz Felipe Zampronha, de São Paulo, para o delegado federal Diógenes Curado, em Cuiabá”, disse Santiago. O parlamentar esteve na capital de Mato Grosso para acompanhar o andamento das investigações.
Sigilos
As informações levantadas pela Polícia Federal que chegarão à CPMI das Sanguessugas incluem ainda as quebras de sigilo telefônico dos envolvidos na compra do dossiê. A polícia já teve acesso, por determinação judicial, ao cadastro de 750 números telefônicos que receberam ligações de Expedito Veloso, Gedimar Passos, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti, Osvaldo Bargas e Valdebran Padilha, os petistas acusados de negociar a compra do dossiê contra tucanos.
Entre esses números, estariam telefones de órgãos públicos. A Justiça Federal já determinou que os órgãos identificados indiquem os responsáveis e usuários das linhas.
Estão sob análise chamadas originadas e recebidas pelos envolvidos na compra do dossiê durante os 30 dias que antecederam a apreensão de R$ 1,7 milhão em um hotel de São Paulo, dinheiro que seria usado na negociação.
A PF também está fazendo o cruzamento da lista de pessoas que tiveram contato telefônico com o grupo e da relação dos responsáveis por operações cambiais em valores acima de 10 mil dólares (R$ 21,5 mil), realizadas no mesmo período. A estratégia da polícia é verificar se houve contato por telefone entre os envolvidos com o dossiê e algum comprador dos dólares.
Requerimentos
Na terça-feira (17), a CPMI tentará votar novamente os mais de 200 requerimentos da pauta. Na terça passada (10), a comissão tentou duas vezes, mas não conseguiu deliberar sobre as propostas.
Na opinião do vice-presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), o resultado da reunião pode ser afetado pela disputa política que tomou conta do colegiado, em razão do segundo turno das eleições.
“Não mete medo o número de requerimentos. O que nos preocupa é a polarização, que é esperada, compreensível. Se for possível que esse clima venha a se acalmar antes das eleições, eu acho que a gente faz isso [vota os requerimentos]. Caso contrário, são mais 15 dias para que se retomem os trabalhos”, afirmou Jungmann.
Entre os requerimentos na pauta da CPMI, há pedidos de convocação dos envolvidos com a compra do dossiê e de ex-ministros da Saúde do atual governo e do governo anterior.