Mais do que simplesmente retomar os trabalhos após uma paralisação de aproximadamente 60 dias, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Mundo reinicia as investigações, hoje, sob um novo critério. As oitivas já realizadas serão aproveitadas. Os deputados membros, no entanto, agora seguirão a apuração das denúncias conforme o desenrolar da história, partindo da data em que se iniciaram as discussões para a escolha de Cuiabá como sede do Mundial.
A nova linha de investigação foi traçada pela equipe técnica da CPI, sob a coordenação de Marcos May, e consta em um sumário, aprovado na última terça-feira (25). Uma definição mais específica de como tudo funcionará será definida hoje, quando os deputados também já devem aprovar requerimentos solicitando documentos e convocando testemunhas para depor.
A ideia é que os documentos acerca dos fatos apurados cheguem aos parlamentares antes das oitivas serem realizadas, para que as perguntas às testemunhas tenham embasamento e os depoimentos sejam melhor aproveitados. Além disso, a tendência é que não apenas os possíveis investigados sejam ouvidos, mas também pessoas que apenas contribuam para melhor elucidar sob quais circunstâncias cada decisão que levou às diversas irregularidades envolvendo as obras do Mundial foi tomada.
Com a nova sistemática, é possível que algumas pessoas sejam convocadas a depor mais de uma vez, já que cada depoimento tratará de um assunto específico. Agentes públicos, servidores, empresários ou qualquer outro cidadão que tiver ligação com mais de um fato sobre a Copa, deve ser ouvido mais de uma vez pelos deputados.
Outra tendência é que pessoas que já prestaram depoimento, como o ex-secretário de Estado Eder Moraes, o empresário Valter Boulos, diretor e sócio da Planserv, empresa que gerenciou as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), e auditores do Estado, voltem a ser ouvidos, embora os depoimentos já prestados possam ser aproveitados. Isso porque eles falaram, basicamente, sobre as irregularidades já constatadas em obras, assunto que só deve ser retomado pela CPI com o avançar das investigações.