O depoimento do empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, filho do dono da empresa Planam, pode abrir novos inquéritos para investigar parlamentares suspeitos de envolvimento com a compra superfaturada de ambulâncias com recursos do orçamento. Hoje (19), o vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), teve acesso ao depoimento oficial à Justiça e contou 105 parlamentares citados, o que ampliaria o número de investigados.
“Pelo depoimento, eu contei 105 parlamentares que receberam algum tipo de benefício ou depósitos ou dinheiro direto em suas contas dentro do esquema de compra superfaturada de ambulâncias da Planam”, afirmou o deputado. O número de parlamentares foram citados no depoimento de 151 páginas feito à Justiça durante 10 dias.
De acordo com Jungmann, todos os 57 deputados cujos os nomes foram divulgados pela CPI e também outros ainda não citados receberam algum benefício financeiro. “Isso é a primeira coisa comum”, explica. Em segundo lugar, haveria três categorias de envolvidos com o esquema da compra superfaturada de ambulâncias.
“Quem recebeu diretamente na conta e tem comprovante, que é um pequeno número. Segundo, quem recebeu indiretamente e indicou um parlamentar ou um acessor que é o maior número e tem alguma forma de comprovante. E terceiro aqueles que receberam inclusive em seus gabinetes malas de dinheiro. Aí é palavra contra palavra. Essas são as três situações encontradas no depoimento”, explica.
De acordo com Jungmann, lamentavelmente há um grande número de envolvidos da bancada evangélica. E praticamente 90% dos parlamentares envolvidos estão relacionados com o baixo clero. “São deputados que tem menos preocupação progamáticas e ideológicas e mais preocupação de servir a sua localidade”, critica.
“Juntando o produto que é a ambulância, que é uma licitação muito simples, eles auferiram lucro muito baixo. De R$ 2, 3 ou 4 mil por ambulância. Isso tudo é lamentável, mas é a realidade que a gente verificou no depoimento”, afirmou o deputado. “A Planam é a primeira empresa no Brasil que se organizou só para fazer a corrupção no orçamento. Como é que se faz isso em sete anos envolvendo uma empresa com centenas de pessoas em 19 estados e praticamente mencionando 20% do Congresso Nacional?”
O vice-presidente da CPI lembrou que os citados ainda não são culpados e que provas ainda precisam ser encontradas contra eles. “Até agora eles apenas são mencionados”, disse, o que os tornaria novos suspeitos.