A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS aprovou, hoje, a convocação dos empresários Joesley e Wesley Batista e o convite ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot para depor.
Foram aprovados convites e convocações de várias pessoas ligadas aos fatos apurados, entre elas, o ex-procurador da República Marcelo Miller e o procurador Ângelo Goulart Villela. Miller foi acusado de corrupção passiva pela Polícia Federal, por assessorar Joesley e Wesley na negociação com o Ministério Público Federal; Villela foi preso em maio no âmbito da Operação Patmos, da Polícia Federal, acusado de vazar informações para a JBS.
A CPMI investiga os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na última década à JBS e sua controladora, a J&F, da qual os irmãos Joesley e Wesley eram os principais acionistas. A suposição é de que condições favoráveis dos empréstimos teriam permitido à empresa formar um cartel no mercado de carne. A comissão também quer apurar as condições da colaboração acertada pelos irmãos Batista com o Ministério Público Federal.
Também foram aprovadas as convocações do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho; do ex-diretor de Relações Institucionais da J&F Ricardo Saud, e de diversos executivos do grupo.
Deverão ser convidados a depor, conforme requerimentos aprovados, os ex-presidentes da Caixa Econômica Federal Maria Fernanda Ramos Coelho e Jorge Fontes Hereda.
O senador Paulo Rocha (PT-PA) discordou da condição de convocado de Coutinho:
– Que fique registrado que nós concordamos que ele venha, mas na condição de convidado – afirmou.
O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), justificou a convocação de Coutinho, ressalvando que o conhece e que não tem dúvidas de que comparecerá de bom grado:
– É evidente que a JBS cresceu porque teve um país como seu sócio quase majoritário: esse país chamado Brasil. E foi na gestão do doutor Luciano Coutinho. Por isso, eu vejo a necessidade de ele vir aqui e contar para nós se foi um tremendo negócio que o país fez, ou se foi um negócio ruim. Se não fosse a participação do BNDES, os senhores acham que a gente estaria agora nesta CPI? – questionou.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) votou contra parte dos requerimentos, entre eles, os que pediram a convocação do procurador da República Ângelo Goulart Villela.
– O senhor Ângelo Goulart Villela está sob investigação. Não tenho dúvida de que a vinda será usada como estratégia de defesa contra as graves denúncias que pesam contra ele – justificou.
Por falta de quórum, 15 requerimentos de transferência de sigilo não foram votados, ficando para a próxima reunião da CPMI, na semana que vem. Os pedidos são relacionados às operações financeiras do grupo J&F, aos dados telefônicos de seus diretores e aos sigilos eletrônico, telefônico e bancário do ex-procurador Miller.