Aproximadamente 922 operações da Polícia Federal, desencadeadas no ano passado, resultaram em quatro mil inquéritos. Foram sequestrados R$ 3,5 bilhões relacionados a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. “A corrupção mata. Achar que o traficante da esquina é mais perigoso que o político corrupto é uma falácia. Político mata muito mais que bandido”, afirmou o chefe do Serviço de Repressão a Desvios de Recursos Públicos da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, que ministrou palestra na manhã desta quinta-feira, 25/05, na abertura do III Encontro Nacional sobre Cooperação para Prevenção e Combate à Corrupção, realizado pela Rede de Controle da Gestão Pública de Mato Grosso. Dados apresentados pelo delegado demonstram que em 2015 foram desviados cerca de 300 bilhões de reais dos cofres públicos, em atos de corrupção no Brasil, nas áreas de educação, saúde e infraestrutura.
As informações são originárias das inúmeras operações, investigações e inquéritos que envolvem o combate ao crime organizado e desvios de recursos públicos dentro da Polícia Federal, que desde o ano passado, pela primeira vez, “tem realizado mais operações policiais no combate à corrupção do que na área de entorpecentes”. Rolando Souza disse que a Polícia Federal investigou o desvio de 75 bilhões de reais, que resultaram, hoje, em 5 mil obras paradas como as da Copa e Olimpíada. Ele citou como escândalo de corrupção os casos do Estádio de Futebol Mané Garrincha (DF) e o VLT em Cuiabá.
No caso das Prefeituras, o delegado apontou que, segundo dados da própria Controladoria-Geral da União (CGU), 80% dos municípios brasileiros que recebem verbas federais apresentam indícios de corrupção na utilização dos recursos. A maioria dos casos está nas áreas de saúde, educação e infraestrutura. “Hoje temos condições de controlar tudo, não faltam equipamentos e condições para investigar e ter acesso a todos os bancos de dados, tanto que a formação da Rede de Controle e a parceira com os Tribunais de Contas da União e dos Estados estão colaborando muito para que se possa, pelo menos, reduzir a corrupção no país porque é, sem dúvida, muito séria”.
Os efeitos da corrupção podem ser vistos através dos números de mortos nos hospitais públicos por falta de assistência médica, pela violência e pelo baixo desenvolvimento econômico. “Se fizermos os cálculos baseados em dados de pesquisas já realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, um bilhão de reais de recursos públicos desviados representam 20 mil mortos em virtude da baixa qualidade da serviço público na saúde. Por isso, é preciso que a população tenha mais repulsa por aqueles que praticam corrupção do que por bandidos de beira de esquina”, apontou. Considerou, ainda, como efeito negativo, a ineficiência na administração pública e o favorecimento dos governos em projetos com maior volume de recursos.
As informações são da assessoria.