O coronel Alexandre Mendes anunciou que vai deixar o comando da Polícia Militar de Mato Grosso após 2 anos e 7 meses à frente do cargo. Em uma carta aberta divulgada ontem, agradeceu à instituição e ressaltou o trabalho realizado contra o crime organizado no Estado. “Neste momento de balanço e reflexão, não me ocorre palavra, a não ser aquela que visa agradecer a quem esteve comigo nesses dias de luta. Pois, mais importante que a própria guerra, é quem está com você na trincheira ao lado. Quem viveu comigo dias de trabalho incansável contra o crime organizado acima de tudo. Dias vividos no combate das ruas com a tropa nas centenas de operações em todo o Estado”.
“Dias de reuniões intermináveis em busca de soluções e da melhoria das condições de trabalho e da valorização profissional, pois essa necessita urgentemente de tratamento igualitário com as demais classes. Dias de portas abertas e fechadas. Dias de sol e chuva de norte a sul deste continental Mato Grosso que tive a honra de percorrer, município a município, unidade a unidade da PMMT, olhando no rosto de cada policial militar, ouvindo suas necessidades e levando saídas que não foram fáceis conquistar, e cuja lembrança a essa altura ofuscaria o que tenho a dizer aqui e agora: gratidão a quem lutou comigo”, acrescentou.
Mendes assumiu o comando da PM em abril de 2022, no lugar do coronel Assis, que se elegeu deputado federal pelo União Brasil. Ainda na carta, ele citou coronel Francyanne, chefe do Estado-Maior, e o subchefe coronel José Nildo, agradecendo a parceria no período em que esteve à frente, além de demais policiais. “Gratidão sobretudo ao meu Estado-Maior, Cel PM Francyanne, que travou este bom combate com galhardia heroica, ao meu Subchefe, Cel PM José Nildo, homem de honra que fez da função que ora exerce sua própria vida e motor que o move 24h contra a criminalidade. Agradeço, como não poderia deixar de ser nessa hora, a cada policial militar, oficiais e praças, que me deram a honra do Comando. A cada homem e mulher dessa tropa sem par, constituída de heróis anônimos, cujo esforço nosso em premiar foi constante, a despeito dos nãos recebidos”.
O coronel disse que ‘lutou’ contra as facções criminosas durante o período e que não houve omissão. “Cabe, ainda, ressaltar nessa ocasião de cômputo, dizer com todas as letras contra quem lutamos e a série de porquês passarei a função com o absoluto sentimento do dever cumprido. Foi contra as facções que mais centramos energia e esforço. Nesta luta, imperioso afirmar que não houve negligência ou qualquer ponta de omissão. Covardia, jamais. Demos a testa a essa luta com os meios e a profundidade que a legislação permite, e aqui, neste ponto, reside todos os porquês pelos quais defendemos todas as nossas ações nesses quase três anos: prendemos e prendemos muito, mas temos uma legislação obscena em matéria de impunidade, sejamos francos. Ponderar o crescimento desse câncer social, chamado crime organizado, a partir da exclusiva responsabilidade desta ou daquela instituição, ignora o problema de caráter sistêmico que temos enfrentado. Respostas pontuais, como nossa saída, caso efetivamente contribua para a guerra contra as facções, têm certamente a mim como primeiro apoiador”.
“Encerro um ciclo da minha vida com a serenidade e a cabeça erguida de quem doou tudo de si, muitas vezes, secundarizando o convívio familiar em proveito da missão e da sociedade mato-grossense, missão esta que estou em vias de concluir com a consciência e a honra inatacáveis. Encerro esse comunicado, exatamente como comecei, com a Palavra de Deus: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco””, concluiu.
Conforme Só Notícias já informou, na próxima segunda-feira (25), o governador Mauro Mendes anunciará o programa “Tolerância Zero ao Crime”, onde será apresentada uma série de ações contra o crime à sociedade, como operações integradas e reestruturação da segurança pública.
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