O Conselho Superior do Ministério Público Estadual de Mato Grosso adiou, para o próximo dia 19 de dezembro, às 9h, em reunião extraordinária, a análise da homologação ou não do arquivamento do inquérito civil por improbidade administrativa que investiga a suposta participação do ex-governador, e atual senador Blairo Maggi (PR), no “Escândalo dos Maquinários”. O adiamento ocorreu por causa da ausência do procurador de Justiça Paulo Prado, que no dia 7 de novembro, em reunião do Conselho, pediu vistas no processo, ainda em análise preliminar. Além dele, o procurador Luiz Alberto Esteves Scaloppe também não compareceu à sessão de hoje, que é realizada mensalmente.
Segundo Prado, em entrevista ao MidiaJur na semana passada, o motivo seria sua participação em uma audiência na Justiça do Trabalho. O procurador-geral de Justiça, Marcelo Ferra, ressaltou hoje que Prado, sabendo do compromisso, havia feito um requerimento por escrito para realização de sessão extraordinária na tarde de hoje. Entretanto, o pedido não foi aceito porque um dos membros estará em viagem oficial logo após o almoço.
Ainda assim, durante a reunião desta manhã, o adiamento causou constrangimento, opiniões controversas e princípio de “bate-boca” com os outros nove procuradores presentes. O procurador Edmilson da Costa Pereira achou muito “estranho” que Prado tenha se ausentado de uma reunião, previamente marcada há um mês, em que justamente seria analisado o processo que pediu vista.”Esse processo está sendo bastante repercutido na mídia e o que eu não gostaria é que fosse para uma reunião extraordinária dando a entender que somente ele será analisado”, disse. Ainda assim, o procurador afirmou que votaria no sentido de dar celeridade a análise do arquivamento ou não.
O procurador Vivaldino Ferreira de Oliveira, que está afastado por problemas de saúde e, mesmo assim, compareceu com o objetivo de votar o inquérito de Blairo Maggi, também não poupou críticas ao fato. De acordo com ele, falta priorização do Ministério Público.
“Eu vi na mídia ontem a possibilidade de não se votar, por uma ausência do procurador Paulo Prado. Se o motivo é uma audiência ou outra coisa, não importa, porém a questão talvez não esteja na priorização. Eu fico frustrado, me desloquei até aqui e não há um posicionamento de celeridade. No dia 19, eu não irei vir”, adiantou o membro do MPE.
Visivelmente contrariado, Vivaldino também ironizou: “Esse maquinário é muito pesado, por isso que não anda”, disse, referindo-se à morosidade da análise do arquivamento ou não.
Ferra, durante a discussão, chegou a sinalizar que provavelmente uma reunião extraordinária não finalizaria a análise. “Nada impede que alguém peça vista novamente”, afirmou o procurador-geral.
Porém, o procurador José de Medeiros ressaltou ser importante que ela ocorresse para, ao menos, analisar as preliminares. “Que não se vote a matéria em si [mérito], porém, ao analisar as preliminares, daria-se mais celeridade”.
A procuradora Eliana Cícero de Sá Maranhão Ayres foi a única a se manifestar a favor de Paulo Prado e também a favor da pauta do arquivamento ser votada em fevereiro, em reunião ordinária, arrastando a homologação ou não do arquivamento para 2012. “Eu acho que a conotação que vocês estão dando é que a ausência dele (Prado) é proposital… E nós temos que preservar o Ministério Público, preservar a nossa instituição. Eu estou gripada, de cama e vim votar. Eu acho que nós não estamos levando a sério, nós temos que levar a sério nosso trabalho, respeitando o colega. Se vocês querem mais celeridade, vamos fazer uma sessão ordinária em fevereiro”, afirmou. Outros procuradores preferiram não reagir às críticas de Eliana Maranhão.
“Aqui ninguém está faltando com respeito com ninguém. Estamos apenas discutindo uma pauta”, limitou-se a dizer o procurador Edmilson.