Uma comissão formada pelo sindicato dos servidores públicos de Alta Floresta, funcionários da secretaria de Obras e vereadores tentará fazer com que a prefeita Maria Izaura volte atrás na sua decisão de não incorporar as gratificações dos funcionários da pasta aos seus salários. Segundo estudos encomendados pelo Sispumaf, a incorporação das gratificações iria significar um impacto na folha salarial de cerca de R$ 1.600,00 por mês, um valor irrisório, mas que fez Maria Izaura recuar da promessa feita aos funcionários há cerca de dois meses.
Na semana passada a prefeita anunciou para o sindicato o seu recuo e, a convite do próprio Sinspumaf, na segunda-feira, foi revelar a sua decisão aos funcionários, frustrando a categoria.
Na tarde de ontem cerca de 60 funcionários da secretaria de Obras estiveram reunidos na sede do sindicato e o que mais se ouviu foi a possibilidade de uma greve na Obras. No entanto, orientados pelo advogado do sindicato, preferiram esgotar as possibilidades de diálogo, formando uma comissão para discutir o assunto com a prefeita Maria Izaura.
Presentes à reunião, os vereadores Doglas Arisi e Edson Apolinário comentaram a decisão da prefeita. Apolinário não poupou elogios, lembrando que o “impacto na folha”, de menos de 2 mil reais, é irrisório perto de alguns fatos que ele vem identificando através dos balancetes que mensalmente chegam à Câmara de Vereadores. Ele citou como exemplo uma empresa de radiodifusão da cidade que, em cinco meses (até maio deste ano) recebeu da prefeitura municipal mais de R$ 100.000,00, “isto para uma única empresa”, disse, lembrando ainda o gasto que a prefeitura teve com a visita de um secretário de estado à cidade no início do ano, que gerou uma despesa para a prefeitura de R$ 12.000,00. “Dava para pagar seis meses do impacto que a folha vai causar” caçoou.
Nas reivindicações dos funcionários estão, além da incorporação das gratificações aos salários, itens de segurança no trabalho e valorização profissional.
Humberto Barbosa, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos revelou que a pretensão é de que as conversações avancem para uma solução em no máximo 30 dias, prazo que vai gerar uma discussão no sentido de greve na secretaria de Obras. “Eu já tenho sentado com algumas pessoas da administração onde ‘algumas pessoas’ passam pra mim da seguinte forma, eu posso estar aqui hoje a amanhã posso estar em algum outro lugar. Este é o medo que a gente tem, porque às vezes as pessoas não têm responsabilidade com o município e jogar isto nas costas da gente” desabafou Humberto, mostrando que há uma certa dificuldade de diálogo na administração atual para as negociações em prol ao funcionalismo.
Segundo o servidor Adenilson Paulino, popular Biriba, que participou de uma reunião ontem com a prefeita Maria Izaura, a chefe do Executivo teria dito que, “se a Obras paralisasse não iria prejudicar ela e sim à população”, numa clara tentativa de jogar a responsabilidade de uma provável paralisação para cima dos servidores públicos. “Ela tá querendo tirar a responsabilidade dela e jogar para cima dos servidores e eu acho que isso é uma coisa que não pode acontecer”, reclama o servidor anunciando que foi a quarta tentativa de diálogo com Maria Izaura, sem que houvesse algum avanço nas conversações. “A gente usou o bom senso, mas agora a gente tá fazendo a coisa formal, vamos tentar novamente ter uma negociação com ela, agora se não tiver (resultado) nós somos obrigados a uma coisa que a gente não queria”, disse o servidor.
Na reunião realizada há dois meses na secretaria de Obras, a prefeita Maria Izaura fez vários compromissos com os servidores e não cumpriu nenhum. Comprometeu-se com a incorporação dos benefícios aos salários, e voltou atrás, prometeu uniforme para os funcionários da Obras, que ainda não chegaram e prometeu providenciar itens de segurança para os funcionários da coleta de lixo, que ainda não foram providenciados. “Deu pra sentir que a prefeita ela fala uma coisa, mas quando chega no secretariado dela, o secretariado abafa tudo”, disse.
A comissão de funcionários terá membros de vários setores da secretaria de Obras, de roçadores ao pessoal da coleta de lixo, passando por mecânicos e outros funcionários. Hoje o sindicato deve formalizar a prefeita a criação da comissão que deverá marcar a primeira reunião para a tentativa de fazer a chefe do executivo “voltar atrás”.