Cinco candidatos iniciam hoje a corrida para conquistar a maioria dos 2.190 milhões de eleitores de Mato Grosso. Nomes conhecidos e novos na política mato-grossense estão na disputa para administrar um Estado de 3.182 milhões de habitantes, com um orçamento previsto de R$ 13,4 bilhões para 2015 e uma dívida de cerca de R$ 7 bilhões. Saúde e falta de infraestrutura são os principais desafios para o próximo gestor, que administrará uma das unidades federativas mais promissoras diante de um crescimento recorde, mas com problemas em vários setores.
Todos eles disputam pela primeira vez o cargo de governador de Mato Grosso. O senador Pedro Taques (PDT), o deputado estadual José Riva (PSD), o ex-vereador Lúdio Cabral (PT), o jornalista José Marcondes Muvuca (PHS) e o advogado José Roberto (PSOL) foram os nomes colocados para concorrer ao cargo de governador com registros de candidaturas solicitados junto Tribunal Regional de Eleitoral (TRE). A partir de hoje, os concorrentes poderão colocar a campanha na rua para uma eleição que pode ser decidida em dois turnos.
Dos cinco, apenas Taques é natural de Cuiabá. Com três anos e meio de destacada atuação no Senado, ele se organizou, nos últimos quatro anos, na oposição e disputa com o respaldo de 13 partidos. Conta com o apoio de figuras novas na política, como o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), e de velhos caciques do DEM, o senador Jayme Campos, que disputa a reeleição, e o seu irmão Júlio Campos. Os dois últimos já foram governadores de Mato Grosso nas décadas de 90 e 80, respectivamente.
Pedro Taques – deixou em 2010 a ascendente carreira de procurador da República para ingressar na política. Após uma série de articulações, resolveu se filiar ao histórico e pequeno PDT em Mato Grosso. Neste mesmo ano, entrou na disputa, como o quarto colocado, atrás do senador Blairo Maggi (PR), do ex-deputado federal Carlos Abicalil (PT) e do ex-senador Antero Paes de Barros, hoje no PSB. Com um discurso de renovação nos quadros políticos, aliado ao currículo das ações de combate ao crime organizado, logo foi se destacando. Em uma eleição atípica, enquanto Antero e Abicalil trocavam acusações, Taques ficou no debate propositivo e conquistou a segunda vaga para o Senado, atrás de Maggi, que acabara de deixar o governo com um bom índice de aprovação.
José Riva – adversário de Taques, Riva é um exímio defensor do municipalismo. Embora com pouca inserção em Cuiabá e Várzea Grande, vem do interior a sua força política, principalmente na região Norte. Os mais de 100 processos na Justiça, iniciado com ações de quando Taques era procurador da República, não desanima o parlamentar, que a cada eleição, nos últimos mandatos, tornou-se o mais votado em Mato Grosso. Em 2010, com o mandato cassado, disputou novamente uma das 24 cadeiras na Assembleia Legislativa, obtendo 93.594 votos, segundo mais votado proporcionalmente no país.
Riva, que está no quinto mandato, também exerce forte liderança entre a maioria dos deputados. Desde 1998 ocupa cargos de comando na Mesa Diretora do Parlamento, ora como primeiro-secretário ou presidente. Neste momento, está afastado da presidência por decisão judicial. Ele entrou na disputa ao governo só há duas semanas e conseguiu o apoio de seis pequenos partidos. É uma das candidaturas da base governista, que segue dividida nesta eleição. Natural do Espírito Santo, o parlamentar é o mais velho entre os concorrentes. Também é o único que tem experiência no Executivo. Ele foi prefeito de Juara na década de 80.
Muvuca – desafeto de Taques e com uma boa relação com José Riva, Muvuca chega à disputa com um discurso focado em atacar o senador, com quem mantém uma batalha a parte na Justiça. Diante de uma série de acusações, Pedro ingressou com ações contra o jornalista, que, inclusive, entre medidas protetivas, não pode se aproximar do parlamentar. Ele acusa Pedro de perseguição. Em uma coligação com apenas o nanico PMN, Muvuca promete uma campanha de igual tom para todos os adversários. Dos postulantes, é o único que não tem curso superior completo e o mais novo no páreo para a conquista do Paiaguás.
Em eleições passadas, Muvuca já se aventurou em outros cargos, como de deputado federal e na última tentou uma vaga na Câmara de Vereadores de Cuiabá pelo DEM, cujo partido deixou rompido após várias celeumas internas durante o processo eleitoral. Polêmico, ele já avisou que será o próprio marqueteiro da campanha, embora tenha declarado um gasto de até R$ 10 milhões neste processo. A promessa é de protagonizar uma série de embates com o senador adversário.
Lúdio Cabral – Lúdio é o que se pode chamar de resistência interna. Brigou desce o primeiro momento para ser o candidato da base governista. Após um longo período, conseguiu convencer a maioria dos partidos que dá sustentação ao governador Silval Barbosa (PMDB), que seria o candidato com melhores chances para enfrentar o principal adversário da oposição, o senador Pedro Taques. Duas vezes vereador por Cuiabá, a dedicação enquanto médico, além da atuação política, o credenciou para disputar dois mandatos consecutivos de parlamentar pela Capital e em seguida concorreu à prefeitura, chegando ao segundo turno e, consequentemente, se tornou uma das figuras mais expressiva e carismática dentro do PT.
José Roberto – desconhecido da população e do meio político, o advogado José Roberto se lança à disputa majoritária em chapa pura, uma característica do seu partido, o PSOL. Aos 52 anos, para fazer a campanha foi o que menos estimou em gastos. Declarou durante o registro de candidatura, no TRE, que pretende empregar até R$ 4 milhões. O nome mais conhecido do partido, procurador da Receita Federal, Mauro Cesar Lara, com inserção junto ao eleitorado pela sua posição de combate à corrupção e pela renovação na política, vai disputar uma vaga na Câmara Federal.