Mesmo com o mandato cassado em dezembro passado por prática de caixa 2, por abuso de poder econômico na campanha de 2018 e condenada a oito anos de inelegibilidade, a ex-senadora Selma Arruda, ainda no Podemos, não se dá por vencida e não abandonará a política. Acreditando que tem o poder de transferir votos, ela gravou vídeo dizendo, em tom professoral, que vai “dizer para vocês quem é a melhor pessoa” para substituí-la no Senado e para algumas prefeituras de Mato Grosso.
A confiança de Selma, diz ela, vem das mensagens nas redes sociais enviadas por eleitores “decepcionados” com a “injustiça que fizeram comigo no Senado Federal” e que querem saber de quem será seu apoio na eleição suplementar ao Senado. “Pode ter certeza: eu vou apoiar alguém e vou dizer para vocês quem é a melhor pessoa. Também vou apoiar alguns candidatos a prefeito, que eu conheço, sei da retidão e das posturas destas pessoas. Tenho certeza de que nenhuma pessoa será apoiada por mim sem este aval com relação à sua conduta”, disse.
Ainda mostrando apego ao cargo de juíza e à função de julgar (ela se aposentou da justiça federal após 22 anos de trabalho para entrar na política), Selma acrescentou que está de “olho” no comportamento, “nas boas intenções” dos candidatos e disse que no próximo vídeo vai apresentar os nomes indicados por ela.
“Você que votou em mim e que está esperando uma sugestão de voto, pode aguardar. Estou de olho aqui, estamos de olho nas intenções das pessoas, em quem está querendo se portar como candidato, em quem tem e quem não tem boa intenção com o povo mato-grossense”, reforçou.
Selma foi eleita pelo PSL com a maior votação em 2018 dizendo-se representando do presidente Jair Bolsonaro em Mato Grosso. Em Brasília, não conseguiu o entrosamento esperado com Bolsonaro e logo trocou o PSL pelo Podemos na expectativa, frustrada, de escapar da cassação. Também desgastada dentro do Podemos, ela não citou nome da sua sigla para apoiar e se, no próximo vídeo, apresentar representantes de outro partido, pode ter sua permanência insustentável no Podemos.
Selma foi denunciada pelo Ministério Público e também pelo PSD (sigla liderada por Carlos Fávaro, que conseguiu liminar após sua cassação e assumiu como senador interino) por caixa 2 e abuso de poder econômico na campanha. O TRE e o Tribunal Superior Eleitoral confirmaram sua cassação, negando recursos, e em abril o Senado concluiu seu processo de afastamento. Os suplentes também foram cassados.