Informações publicadas pelo site Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU), apontam que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pagou mais de R$ 23 mil para uma clínica de estética de Goiânia (GO) nos últimos três anos. O valor foi justificado como sendo apoio administrativo e proteção ambiental. Sócias da clínica não foram localizadas para comentar o caso.
A Superintendência do Ibama em Goiás reconheceu que os pagamentos são irregulares, mas informou que as operações não teriam sido detectadas pelos mecanismos de controle usuais. Os desvios teriam sido feitos por uma servidora de nome não informado. Uma sindicância foi aberta para apurar os fatos.
Somente em 2007, a clínica recebeu R$ 10.038,64. Apesar de oferecer apenas tratamento de beleza – como rejuvenescimento e limpeza de pele – parte da despesa foi incluída no programa de trabalho “Conservação, Uso Sustentável e Recuperação da Biodiversidade”, previsto no Orçamento da União e aprovado pelo Congresso Nacional.
A nota foi apresentada como parte dos gastos da ação de governo “Controle, Triagem, Recuperação e Destinação de Animais Silvestres”.
Em 2006, quando a clínica recebeu do Ibama R$ 9.523.87, o pagamento se limitou ao programa de governo de “Apoio Administrativo”. O mesmo ocorreu em 2005, quando foram repassados R$ 3.837,42.
Segundo o site da CGU, as despesas foram efetuadas pela Gerência Executiva do Ibama em Goiás. Ao contrário dos gastos com o cartão de crédito corporativo, pagamentos feitos através de programas de trabalho comuns não têm o nome do responsável divulgado.
Por conta dos pagamentos irregulares ao centro de estética, as contas da Superintendência do Ibama em Goiás devem ser investigadas. Segundo nota oficial do órgão, “por solicitação da Superintendência, a direção do Ibama enviou a Goiânia três auditores que detectaram transferências indevidas do orçamento público para contas particulares”.
Há suspeitas de que nenhum tratamento de beleza no centro de estética tenha sido efetivamente realizado.
Devido ao longo período em que o pagamento foi feito sem ser detectado por nenhum mecanismo de controle, o órgão informou que “foi solicitada uma profunda auditagem de todas as contas pagas por esta Superintendência”.
Caso sejam reunidas provas das irregularidades pela sindicância, o Ibama de Goiás diz que os responsáveis responderão a processo administrativo disciplinar. A Procuradoria da República de Goiás também acompanha o caso.
O superintendente Ary Soares dos Santos disse que ficou surpreso com o pagamento e garantiu que dará satisfação do ocorrido o mais rapidamente possível. “Evidentemente, os pagamentos não têm nada a ver com os programas de trabalho”, comentou.