Presidente do diretório estadual do PMDB, o cacique Carlos Bezerra colocou literalmente a “boca no trombone”, disparou críticas efusivas às gestões do ex-presidente Lula (PT) e da presidente Dilma Rousseff, do mesmo partido, deixando o governo Silval Barbosa em evidente “saia-justa” com o governo federal. Ao avaliar os dois pontos mais polêmicos em tramitação no Congresso Nacional, as reformas Política e Tributária, ele não se fez do rogado e disparou: “Precisamos de outro líder tipo Getúlio Vargas, que foi o presidente com maior força política no país. Com esses presidentes tipo Dilma e Lula o que se consegue é meia-boca. Não tem força”.
Ao avaliar a conjuntura nacional em relação aos estados, Bezerra assumiu claramente as “dores” do PMDB em relação ao PT. A batalha travada entre as siglas para ocupação de cargos no primeiro escalão, principalmente nos ministérios, parece ter deixado peemedebistas como ele, magoados. Para o dirigente partidário, a gestão dos petistas não é inovadora no âmbito econômico, mas apenas o continuísmo do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.
As agruras entre as legendas e a postura ímpar de Bezerra podem desarmonizar o bom relacionamento visado por Silval com a presidente da República. O chefe do Executivo estadual aguarda confirmação de data para audiência com Dilma, a ser realizada em Brasília, para discutir apoio do governo federal para injeção de novos recursos em Mato Grosso. O governador e o senador Blairo Maggi (PR) se esforçam para organizar o encontro, defendendo a participação na reunião, da bancada do Estado no Congresso.
Independentemente das ações lideradas pelo Executivo estadual para estreitar os laços com Dilma, Bezerra tem mantido postura severa em relação ao governo federal. O espírito municipalista também tomou conta dele. Foi enfático ao fazer uma análise sobre o respaldo concedido às cidades. “Os prefeitos para conseguir apoio, asfaltamento, tem de ir a Brasília. Isso não tem cabimento”, cutucou.
E foi ainda mais adiante ao afirmar que o governo federal não tem prioridades em relação a Reforma Agrária e a área da saúde. Classificou a Reforma Tributária, a cargo dos moldes do Palácio do Planalto e do Congresso, de “tapeação”. Na opinião dele, a reforma de fato não traduz o que prega. Dessa forma, a esperada redução de tributos como teoricamente se prega, não se coloca em prática, no entendimento dele.
Nem mesmo questões como a dívida interna passaram pelo crivo de Bezerra. “Nosso problema é a dívida interna, tá debaixo do tapete. A solução é rediscutir a dívida, porque é um assalto. Os banqueiros estão ganhando mais do que na época do Fernando Henrique. Os R$ 50 bilhões de corte no orçamento não é nem a metade do que se paga para os banqueiros”, concluiu.