Faltando 11 dias da votação no primeiro turno, a campanha presidencial ainda não empolgou os candidatos a governador de Mato Grosso, que praticamente esqueceram a disputa nacional e focam o trabalho em suas campanhas locais. Dos cinco postulantes ao Palácio Paiaguás, três têm palanque pluripartidário e compromisso com mais de um presidenciável. Também por isso, eles não têm estampado os candidatos a presidente nos materiais de campanha e nem a pedido voto diretamente.
O caso mais controverso é do governador Pedro Taques, que disputa a reeleição pelo PSDB e que no estado se coligou com o PSL, numa aliança impensada no cenário nacional. Embora garanta, somente quando questionado, que seu presidente é Geraldo Alckmin, Taques não nega a abertura do seu palanque para Bolsonaro e diz que vai recepcioná-lo quando o militar for a Mato Grosso.
Recentemente, o governador teve a chance de se dedicar exclusivamente a Alckmin, mas preferiu não fechar as portas para Bolsonaro. Isso porque a candidata ao Senado pelo PSL, ex-juíza Selma Arruda, conhecida como a Sérgio Moro de saias, abandonou a coligação insatisfeita com o tempo de propaganda na televisão destinado a ela. Mesmo assim, Taques disse que a decisão da candidata foi pessoal e que o acordo com o PSL está mantido.
O Democratas tem o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, como candidato ao governo e sua coligação conta com o PDT e MDB, além do compromisso nacional de caminhar com Alckmin. Nas convenções, Mendes afirmou abertamente que sua prioridade é a disputa ao governo e que não está muito preocupado com a corrida presidencial, embora tenha garantido que vai respeitar a decisão do seu partido.
Ciro Gomes é o único presidenciável a visitar Mato Grosso após o início da campanha e foi recebido por Mendes, que estava no interior, mas adiantou o retorno a Cuiabá para o encontro com o pedetista. Mesmo assim, o apoio não foi declarado publicamente e a assessoria de campanha de Mendes afirma que foi apenas uma “recepção” a Ciro.
O MDB, que já recebeu Meirelles em Mato Grosso durante a pré-campanha, também não parece preocupado com a campanha do candidato no estado e pouco tem exigido de Mauro Mendes.
O senador Wellington Fagundes, que concorre ao governo pelo PR, é o que tem maior número de candidatos a presidente no seu arco de aliança. Além de Alckmin, por força do apoio que o centrão fechou com o PSDB, Fagundes tem compromisso com o candidato do PT, Fernando Haddad, com o Podemos de Álvaro Dias, e com Marina Silva, uma vez que a candidata a vice do republicano é do PV e reivindica espaço para a presidenciável da Rede.
Fagundes disse que está indeciso em relação ao seu voto para presidente e que vai aproveitar o seu palanque múltiplo para ouvir a proposta de todos e tomar uma decisão até 7 de outubro.
“Meu candidato a presidente é aquele que quiser fazer o bem para o Brasil. Eu também quero ouvir os debates, eu quero conhecer a proposta de cada candidato para eu, inclusive, dentro deste palanque eclético, deste palanque múltiplo, deste palanque democrático, dizer quem será o meu candidato. Porque também esta definição o eleitor quer ouvir, e eu sou um eleitor e também quero saber qual é a proposta de cada um, principalmente o propósito de cada um”, esquivou-se de opinar durante a convenção que oficializou os apoios.