A Câmara de Vereadores, por unanimidade, recusou o pedido de quebra de decoro parlamentar movido pelo ex-vereador Márcio Bertoni (PMDB), contra o vereador Lourisvaldo Manoel de Oliveira, o Fulô, também do PMDB. O pedido foi baseado no discurso proferido pelo vereador na sessão ordinária do 13 de fevereiro, mesma data da renúncia de Bertoni e onde Fulô narrou alguns acontecimentos ocorridos nos últimos 15 anos na Câmara, que ganharam repercussão.
No entendimento da assessoria jurídica do ex-vereador, o discurso atingiu a imagem da Câmara, pois Fulô tratou de assuntos polêmicos como casos de vereadores que chegaram a negociar a retirada do nome de uma CPI no passado. “Em momento algum quebrei o decoro”, sustentou.
O procedimento ocorreu logo após a abertura dos trabalhos e, caso os vereadores aprovassem o pedido, seria criada uma comissão e o fato poderia resultar até na cassação do parlamentar. Como o pedido foi rejeitado no plenário, a questão está arquivada.
Na primeira etapa, o primeiro secretário da Câmara, Hélio Pichioni, leu todo o pedido feito pela assessoria jurídica de Márcio Bertoni e depois abriu espaço para a defesa de Fulô.
O vereador começou o discurso de defesa lembrando dos ex-vereadores Ananias Martins e João Poteiro, depois Fulô relembrou que sempre defendeu a Câmara de Vereadores. “O que eu falei naquele dia não é nenhuma mentira, eu sempre defendi a Câmara e vou sempre sair em defesa da Câmara, eu não agredi essa Casa em momento algum”, disse.
O vereador lembrou do período em que era presidente do Legislativo, que trabalhou para que a Câmara tivesse a estrutura necessária e ainda recuperou o crédito junto aos servidores. Fulô reafirmou que não viu quebra de decoro em seu discurso.
O vereador Aristóteles Cadidé, líder da bancada do PR, também saiu em defesa de Fulô. “Os fatos que estão neste pedido foram destes 15 anos e não nessa legislatura, a gente mesmo percebe que as coisas mudaram na Câmara e muitos destes que ele citou foram retirados pelas urnas”, disse.
Cadidé orientou a bancada do PR a votar contra o pedido e afirmou que na ótica dele não identificou quebra de decoro na situação.
O presidente da Câmara, Ananias Filho, também saiu em defesa de Fulô. “Todos esses fatos narrados por ele foram públicos na época, saiu nos jornais e tudo mais”, frisou.
DISCURSO – No mesmo discurso que motivou o pedido de quebra de decoro parlamentar, Fulô ainda deu a entender que o ex-vereador Márcio Bertoni havia vendido o mandato em troca da renúncia, mas essa questão não foi abordada pela assessoria jurídica do ex-vereador.
O vereador Lourisvaldo Manoel de Oliveira, o Fulô (PMDB), parecia aliviado após o resultado da votação do pedido de quebra de decoro parlamentar apresentado pelo ex-vereador Márcio Bertoni. Fulô, antes mesmo da votação, disse no plenário como estava se sentindo. “Não matei, não roubei, não difamei, não menti, apenas falei a verdade”, argumentou o peemedebista.
Fulô, no discurso seguinte, após o resultado da votação, agradeceu aos vereadores e setores da imprensa. “Agradeço aos que me apoiaram e entenderam, essa situação não foi nada fácil”, disse o vereador visivelmente emocionado.
Fulô foi mais longe e disse que sempre pensou em seus discursos. “Gosto de falar o que convém, mas sempre penso antes de mais nada”.
O parlamentar reconheceu que esses dias, antes da votação, não foram fáceis para ele. Emocionado, disse que estava incomodado em dar explicações sobre a situação a amigos e familiares. “Era sempre muito triste, mas como eu já disse, falei apenas a verdade”, completou.