As consequências da crise econômica do Brasil são inúmeras e, muitas vezes imprevisíveis. A avaliação é do secretário de Estado de Fazenda de Mato Grosso, Paulo Brustolin, que defende a adoção de medidas urgentes para a reversão do quadro atual, agravado pelo rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela agência de classificação de crédito Standard & Poor’s (S&P). Entre as iniciativas, o secretário entende ser urgente o corte de gastos a exemplo do que foi feito, ao longo do ano, pelo governador Pedro Taques (PSDB), que enxugou a máquina, auditou contratos e tem conseguido honrar, de forma pontual, os compromissos financeiros do Estado. Para Brustolin, a indefinição política no Governo Federal tem gerado a dificuldade de se conter o déficit e equilibrar as contas públicas. “O Brasil está sendo visto como um país que não é sério nesse momento”.
A perda no grau de investimento, explica, traz diversas consequências, “mas a principal delas é que os fundos de pensão de vários países do mundo não poderão investir aqui, principalmente em infraestrutura, aquilo que o Brasil mais carece nesse momento”. Ao contrário da indefinição que permeia a União, lembra o secretário, Mato Grosso vem, desde janeiro, implementando medidas para encarar a crise financeira. “O governador teve a coragem de propor uma reforma administrativa ampla: reduziu o número de secretarias, reduziu 25% dos cargos comissionados, gerando economia de quase R$ 150 milhões ao ano, e também vem revisando contrato a contrato, um trabalho feito por cada um dos secretários”. Com isso, a expectativa é que a nota de crédito da gestão de Mato Grosso, ao contrário do que ocorreu com o Brasil e com muitas das grandes empresas, permaneça inalterada.
As medidas aventadas no momento, que passam pelo aumento na carga tributária não são, para Brustolin, as melhores alternativas. “Cobrei, junto com outros secretários de Fazenda, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante o último Confaz a redução do número de ministérios do Brasil e a necessidade de trabalhar com maior austeridade o orçamento, enfrentando os problemas estruturais que o país possui. É preciso, nesse momento, apertar o cinto, cortar na carne e dar uma demonstração para o mercado mundial que o Brasil é capaz de superar isso”.