Ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Carlos Ayres Britto criticou na estrutura partidária “a prática do cesarismo interno”, a existência de “partidos com proprietários ou donos cartorialmente oligarquizados, como se fossem a mais colonial das fazendas de gado”. E adiantou que na sua gestão o TSE vai discutir a questão da fidelidade dos partidos a si mesmos, aos seus programas e aos eleitores.
O presidente do TSE adiantou que, nos próximos dois anos, o tribunal vai se debruçar, principalmente, sobre essa e outras quatro questões. Discutirá se o quociente eleitoral está de acordo com o preceito constitucional que determina ser a vontade do eleitor soberana; questionará se políticos “identificados pela tarja de processos criminais e ações de improbidade administrativa” podem se candidatar; debaterá se as obras de cunho social e de infra-estrutura deveriam ser paralisadas em ano eleitoral e, por fim, discutirá se as regras atuais sobre uso de órgãos de comunicação social como veículo de interação com o eleitorado são extensíveis à mídia online.
Disse ainda o ministro que o país precisa debater mais a sua qualidade de vida política. De acordo com ele, isso “requer, de um lado, a eterna vigilância contra aqueles políticos que não perdem oportunidade para fazer de sua caneta um pé de cabra e, de outro, valorizar − e valorizar por modo superlativo − os que tornam a política a mais essencial, a mais bonita, a mais realizadora de todas as vocações humanas: a vocação de servir a todo o povo”.