O presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Eduardo Botelho deve pagar a dívida a título de “dízimo” partidário cobrada pelo PSB e se desfiliar da legenda já nas primeiras semanas de março, quando deve ser aberta a janela partidária que permite aos políticos que detém mandato trocarem de legenda sem o risco de serem acusados de infidelidade.
“Minha dívida é algo em torno de R$ 11 mil a R$ 15 mil. Vou pagar antes de deixar a legenda, o que deve acontecer na primeira semana de março. Com isso, já poderei me filiar a outro partido e buscar minha reeleição”, disse Botelho, que está com negociações adiantadas para se filiar ao Democratas (DEM).
Eduardo Botelho chegou a recorrer à Justiça para sair do PSB sem o risco de perder o mandato. O juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) José Antonio Bezerra Filho, porém, negou o pedido. O presidente da AL é o único dos dissidentes do PSB que cogita pagar os valores cobrados pelo partido antes de se desfiliar. Os outros deputados, como Oscar Bezerra e o licenciado Max Russi (secretário-chefe da Casa Civil) afirmam que a cobrança é absurda.
A debandada do PSB teve início quando o deputado federal Fábio Garcia foi contrário à orientação da Executiva Nacional na votação da reforma trabalhista na Câmara Federal. A partir daí, todas as lideranças da legenda em Mato Grosso foram destituídas e o deputado federal Valtenir Pereira, que havia acabado de se filiar novamente no partido, assumiu a presidência estadual.
Garcia e o deputado federal Adilton Sachetti foram liberados para deixar o partido. Os deputados estaduais, no entanto, não receberam o mesmo aval de Valtenir Pereira. O presidente alega que os ainda correligionários têm uma dívida de R$ 230 mil, fruto de repasses mensais equivalentes a 10% de seus salários que deveriam fazer para o partido.
Valtenir alega que o dinheiro é necessário porque encontrou o PSB com dívidas. De acordo com ele, foram constatadas diversas irregularidades geradas na gestão de Fábio Garcia, como falhas em 80% das provisórias municipais. O setor financeiro teria “anormalidades” como dois funcionários recebendo salários incompatíveis com as funções executadas dentro do PSB. Um deles receberiam mensalmente R$ 8 mil e o outro R$ 5 mil.
Entre os partidos cogitados pelos deputados do PSB, além do DEM, está o PP. O Democratas já demonstrou interesse até em ceder a liderança da legenda aos novos filiados. Além de Botelho, devem deixar o partido o deputado licenciado e secretário-chefe da Casa Civil, Max Russi, o deputado Oscar Bezerra, o deputado Mauro Savi e o suplente em exercício Adriano Silva. Outro nome que o partido perdeu recentemente foi o ex-prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, que é disputado pelas legendas e está cotado para ser candidato ao governo do Estado nas eleições deste ano.