O ex-deputado e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Humberto Bosaipo, teve uma série de pedidos de acareação com o também ex-deputado estadual José Riva negados pelo juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior, substituto na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Somente nesta semana, a solicitação foi indeferida em seis processos criminais. Segundo a decisão, embora exista previsão legal para a realização de acareação, o procedimento entre os réus seria infrutífero diante do descompromisso de ambos em falarem a verdade.
As ações penais referem-se a desvios de recursos da Assembleia Legislativa por meio de empresas fantasmas criadas para forjar operações com a AL, no âmbito da operação Arca de Noé.
Segundo apurado pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), os saques dos cheques emitidos em favor das empresas de fachada eram efetuados diretamente no caixa do banco por servidores da Assembleia, que também participavam do esquema.
Ainda consta nos autos que sempre que precisavam de dinheiro para uso pessoal ou político, Riva e Bosaipo faziam empréstimos junto a Confiança Factoring, de propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, e as quitavam com cheques da Assembleia.
No início do mês, Humberto Bosaipo teve pedido de acareação com José Riva negado pelos mesmos motivos expostos nas demais ações. Para compensar a negativa da acareação, o magistrado determinou o compartilhamento do depoimento prestado por Riva em 30 de novembro do ano passado, que consta em 19 ações sobre o mesmo assunto, com os processos de Bosaipo para que sirvam como prova.
Como estratégia de defesa, visando redução de pena, José Riva vem adotando a confissão em todos os processos criminais aos quais responde, inclusive entregando nomes de outros deputados e servidores que tiveram participação em esquemas na Assembleia Legislativa.