O fim do contrato de fornecimento de energia elétrica para cidades bolivianas e o rigor da fiscalização imposta pelo Grupo Especial de Fronteira (Gefron) nos últimos dias, pode gerar uma crise diplomática entre Brasil e Bolívia. Comerciantes e moradores das províncias de San Matias, San Vicente e Serrito, com apoio da polícia local, ameaçam mais uma vez, bloquear a entrada de mercadorias do Brasil para a Bolívia até que a
situação se resolva.
Na terça-feira, um grupo formado 20 bolivianos, entre membros do Comitê Cívico de San Matias, sindicalistas, comerciantes e autoridades locais, entregaram um documento ao governador em exercício Silval Barbosa, em Cáceres, sugerindo a interferência do governo de Mato Grosso para o impasse. Eles querem que, o Estado interferia no contrato de fornecimento de energia elétrica para cidades bolivianas localizadas na faixa de fronteira e para flexibilize a fiscalização imposta pelo Gefron.
Milhares de moradores de San Matias, San Vicente e Serrito, temem pela suspensão do fornecimento de energia porque o contrato firmado pela Rede Cemat e uma cooperativa local, encerra-se nesta semana. A preocupação é porque, no final do ano passado, com o fim de um contrato que já durava quase 30 anos e com a mudança nas regras internacionais para esse tipo de comércio, a Rede Cemat ficou impedida legalmente de renovar o convênio e não existem perspectivas para solução.
“Se não houver uma solução imediata para o impasse ficaremos sem energia elétrica e água”, prevê Ismelda Hemera, representante comercial na região.
As autoridades bolivianas sugerem flexibilidade na fiscalização. “Não queremos infringir as leis. Queremos um tempo para que possamos nos adequar ao novo mecanismo da fiscalização” afirma Helmer Huanca, membro do Comitê Cívico de San Matias.
Um dos integrantes da comitiva disse que as sanções impostas pelo Brasil são injustas porque os bolivianos não cobram impostos dos brasileiros que lá trabalham. É a segunda vem, em menos de 10 dias, que os dois lados se desentendem. Na semana passada, em protesto ao rigor na fiscalização, os bolivianos impediram o acesso deixando dezenas de veículos sem adentrar ao território boliviano.