Política é política, outras coisas são outras coisas. Nesta terça-feira, o governador Blairo Maggi e o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, mantiveram um embate público, durante solenidade de assinatura do protocolo de intenções para instalação de uma fábrica da Vicunha Têxtil em Cuiabá. O evento aconteceu no Palácio Paiaguás. Maggi aproveitou o evento para dizer ao prefeito que não existem privilégios no seu governo para incentivos fiscais “para amigos e nem amiguinhos”. Mais tarde, Santos pediu ao governador uma leitura mais atenta do relatório do Tribunal de Contas do Estado que trata do assunto. Depois, os dois almoçaram no gabinete governamental.
A questão dos incentivos fiscais têm sido um dos temas favoritos do prefeito de Cuiabá. Ele acusa o Estado de atender “meia dúzia” com a política destinada a atrair empresas para Mato Grosso. No alvo do prefeito, o empresário Mauro Mendes, ex-adversário nas eleições a prefeito de Cuiabá e que agora ensaia a candidatura ao Governo do Estado pelo PSB. Nos ataques do prefeito contra o Governo e o empresário está embutida a mensagem visando desqualificar o chamado “empresário bonzinho” como Mauro se apresenta eleitoralmente.
“Incentivo fiscal não é coisa irresponsável” – defendeu o governador Maggi, sob o olhar atento do prefeito. “O Estado precisa crescer. Abrir mão do que não temos não é nenhum crime lesa-pátria”. Com efeito, o governador assegurou aos presentes e ao prefeito de Cuiabá que o Estado “term responsabilidade no que faz e sustenta no que diz” e acentuou o nível de transparência empregada nas ações governamentais: “Não temos nada a esconder. Aqui não tem privilégios para amigos e nem amiguinhos”.
Provocativo, Maggi chegou a dizer que o prefeito de Cuiabá é crítico dos incentivos fiscais concedidos pelo Estado, mas que está atualmente avalizando a proposta que prevê vantagens para que a Vicunha Têxtil firme o compromisso de implantar sua unidade industrial na Capital. O projeto da empresa prevê a implantação de indústria com capacidade para processar 65 mil toneladas de algodão e produção de 72 milhões de metros lineares de tecido por ano. A unidade vai gerar 2 mil empregos diretos.
Santos, apesar das afirmações de Maggi, insistiu que o Estado privilegiou os amigos, no caso específico de Mendes, cuja empresa, a Bimetal, recebeu R$ 46 milhões. O balanço de incentivos fiscais dos últimos 10 anos, realizado pelo Tribunal de Contas, revela um crescimento de 74,91% dos benefícios concedidos pelo governo às empresas no período de 2007 a 2008, enquanto a receita apresentou acréscimo de 17,79%. A renúncia em 2007 somou R$ 619 milhões, enquanto no ano seguinte totalizou R$ 1,083 bilhão. Já a arrecadação em 2007 foi de R$ 3,4 bilhões, enquanto em 2008 chegou a R$ 4,4 bilhões.