Como gestor público, o governador Blairo Maggi assumiu nesta segunda-feira que o Estado não tem condições de desarmar os bandidos e também outros segmentos do tecido social que mantém uma arma em seu poder como forma de defesa. Polêmica a vista, claro! Maggi é contra o desarmamento e pretende votar no referendo assim pelo “não”. A votação está marcada para o dia 23. “O Estado não tem direito de tirar do cidadão a possibilidade de se defender” – disse o governador sem colocar peso no outro lado da balança, dos que acham que a população armada gera mais violência.
Em toda a sua explanação sobre o assunto, o governador foi feliz em um detalhe: aquele em que defende um debate mais amplo sobre o assunto. Maggi acha que os eleitores vão às urnas sem saber direito o que vão apertar na hora. E, de fato! A sociedade como um todo afunilou o pouco do que se dabateu sobre o tema desarmamento ou não. Em verdade, o referendo é sobre a proibição do comércio de armas de fogo – o que significa que a partir de então o cidadão não poderá comprar uma arma.
Maggi faz sua defesa pelo “desarmamento” baseado em duas óticas. A primeira, evidentemente, como homem do campo. Ele acha que a situação na zona rural é mais crítica. Propriedades rurais no Estado têm sido alvo de bandidos de forma até intensa, com destaque para o roubo de defensivos agrícolas. A ponto de se ter até mesmo chegado a discussão sobre a necessidade de se criar milícias para atuar nos condomínios agrícolas. “O cidadão está lá, distante de tudo” – comentou. Nas cidades, aparece a fraqueza do aparato estatal para conter a bandidagem, muitas vezes mais bem armada que a própria Polícia.
“Eu penso que o cidadão não precisa andar armado. Mas deve ter uma arma em casa, se achar que deve, para sua própria segurança e da sua família” – ponderou o governador, sem levar em conta as estatísticas que mostram que o cidadão, na maioria das vezes, não está preparado para usar uma arma. Maggi fez questão, no entanto, de deixar claro que não dispõe de uma arma em sua residência. “Não vejo essa necessidade” – comentou.
Em Mato Grosso, a violência ocupa grau elevado, seja no campo ou nas cidades. As estatísticas são pouco animadoras. Cuiabá, por exemplo, já apareceu como uma das cidades onde o índice de homicídio proporcional é o maior do Brasil. Nesse quesito, Mato Grosso está entre os 10 estados mais violentos. De acordo com os últimos levantamentos da Secretaria de Justiça e Segurança Pública, o índice de mortes violentas na Grande Cuiabá já é maior do que o do ano passado, faltando três meses para se encerrar o ano.