O governador Blairo Maggi afirmou ontem que os reflexos da crise internacional não serão fortes em 2009 em Mato Grosso. Segundo ele, essa situação se deve ao fato de a economia estadual estar centrada no agronegócio, que representa 75% da arrecadação do Estado. “Hoje 95% do plantio já está assegurado e, por isso, não vamos sentir muito a crise em 2009”. Mesmo assim, recomendou aos prefeitos reeleitos e que tomam posse no dia 1º de janeiro a trabalharem de acordo com o orçamento executado de 2008.
“A receita deve ficar mais ou menos parecida”. Blairo Maggi afirmou, porém, que a situação para 2010 é imprevisível. Para ele, se a economia mundial não voltar a normalidade, Mato Grosso viverá uma situação difícil como a de 2006, quando a receita sofreu uma queda drástica. A seguir os principais trechos da entrevista.
A Gazeta – A crise internacional chegou ao pais e já provoca danos na economia, a começar pelo setor automobilístico. Mato Grosso está preparado para enfrentar a crise?
Blairo Maggi – Internamente, sim. O Estado vem se organizando para isso. Nós temos o Estado nas mãos, quer dizer, as nossas contas estão absolutamente em dia. Não temos nada atrasado, não temos pendência nenhuma e só compramos o que podemos pagar. Então, o que está acertado, está acertado, O que está comprado, está comprado. A gente tem que ter um critério maior neste momento. Eu já comuniquei isso aos nossos secretários e aos presidentes das empresas de que compras futuras, investimentos futuros, eles terão que ser discutidos de forma mais centrada, porque, despesas que são permanentes, elas terão que ter que recursos no caixa em dezembro de 2009, dezembro de 2010, dezembro de 201, assim por diante. Despesa que é continuada tem que ter critérios neste momento até que a crise passe.
A Gazeta – Qual será, na opinião do senhor, o efeito da crise internacional na economia de Mato Grosso?
Blairo Maggi – Olha, eu acho que para 2009, ainda em 2009, a economia de Mato Grosso não sofrerá grandes impactos. A minha maior preocupação com a economia do Estado é de 2010 para frente, porque – eu vou chamar assim – a economia-chefe, carro-chefe do nosso Estado, é o agronegócio. 75% da nossa arrecadação vem desse setor do agronegócio. A formação das lavouras, a formação de preços de tudo, pra o ano de 2008, que reflete sobre a arrecadação de 2009, ela está feito. Nós vamos ter um pouquinho de decréscimo, talvez, na área do algodão se não conseguirmos ajustar alguns financiamentos, alguns prazos, a gente pode ter algum problema aí. Mas que não seria tão impactante. Já para 2010, na receita de 2010, se nós não conseguirmos voltar ao fluxo de recursos normal da agroindústria e do agronegócio aí, sim , nós poderemos ter um reflexo muito grande na arrecadação de 2010. Então, nós temos ainda de agora até maio, junho do ano que vem, quando começam a formar a intenção de plantio, de novas indústrias coisa parecida para 2010. Até lá, a gente tem que observar o que vai acontecer.
A Gazeta – Mato Grosso sendo apenas exportador de “commodities”, a economia do Estado não é vulnerável a essa crise internacional?
Blairo Maggi – Não, porque em Mato Grosso, para cada um real de dinheiro que tem para receber tem um quilo de produto ou tem algo para entregar. A nossa economia é uma economia real e não é uma economia de bolsa, uma economia de especulação. Isso nos dá tranquilidade de o que a gente faz, o mundo precisa. A gente está vendo o reflexo nos preços das “commodities”. Caíram?, caíram. Mas não caíram aquém dos níveis normais de que sempre foram. Aliás, estão acima dos níveis normais que historicamente foram no passado quanto o Milho, quanto o a soja, quanto o algodão, quanto ao boi, a madeira, todos esses produtos estão, se olhar a média histórica, acima dos preços. O que está um pouco acima também, são os insumos de custo disso que, tem uma tendência de cair, e, uma vez normalizados os preços de formação de insumos, com os preços agrícolas que temos para 2010 e a volta do fluxo de recursos para a formação desses negócios, eu diria que a gente está tranquilo. Temos ai um tempo ainda para observar isso.
A Gazeta – Os efeitos imediatos da crise internacional não seriam, então, a paralisação do processo da economia do Estado?
Blairo Maggi – De todos os projetos que estão previstos para o Estado de Mato Grosso, dentro dessa área do agronegócio, que foram conquistados nesses últimos anos, através dos nossos programas de incentivos, que ainda não iniciaram, de 24 a 26 projetos que estão assinados com o governo, com termo de compromisso, somente dois deles até agora comunicaram o governo que não vão dar início. Os demais todos estão confirmados até o momento. Poderão, no futuro, ou poderá no futuro desistir. Mas até o momento, só dois projetos tiveram a desistência ou o adiamento comunicado ao governo, Pedi ao secretário Pedro Nadaf fazer isso uma semana atrás. A cada dia, com a crise que está ai, tem que ser monitorada. O que vale hoje não valia ontem. Então, talvez, o que vale hoje não vale para amanhã. Então, a gente tem que observar o que vai acontecer efetivamente.