O senador Blairo Maggi (PR), ex-governador de Mato Grosso, disse que os empresários brasileiros terão dificuldades de captação de recursos no exterior, diante da crise europeia e dos obstáculos vividos pelos Estados Unidos para retomar o crescimento econômico.
Para o senador, contudo, o governo brasileiro tem como adotar medidas que protejam a economia do país, facilitem o crédito e até mesmo, em melhores condições do que aconteceu na crise de 2008. Maggi, a crise europeia está concentrada no setor bancário e deve gerar uma crise de liquidez, disse, em entrevista concedida ao programa Agenda Econômica, da TV Senado.
Ao enumerar os cuidados que o governo deve ter nesse momento de crise, Blairo Maggi fez também um alerta contra a Medida Provisória 552, baixada pelo governo no último dia 1º, que elimina o crédito presumido do PIS/Cofins nas operações de exportação de produtos derivados de soja (farelo e óleo) e nas vendas de insumos para produtores de carne suína e de frangos.
Segundo ele, essa medida poderá gerar um impacto direto nos preços finais dos alimentos, da ordem de 4,5%, coisa que, "será terrível para o combate à inflação", alertou, ao lembrar que nos últimos 12 meses o registro foi de 6,64% (em novembro), ultrapassando, portanto o teto da meta da inflação que é de 6,5%.
Para o senador, a MP foi uma espécie de "troca" que o governo sempre faz ao favorecer um determinado setor: como decidiu recentemente reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a chamada linha branca – fogões, geladeiras, máquinas de lavar, etc-, o governo tratou logo de recompor sua perda de receita, praticando "uma maldade" com outro setor. Só que, para Maggi, a escolha sobre os produtos alimentícios foi uma alternativa errada, principalmente por causa do peso decisivo que o setor representa sobre os índices de preços.
Na entrevista que concedeu ao programa Agenda Econômica, o senador criticou duramente a situação caótica da infraestrutura do Brasil, principalmente nos setores de estradas, portos, e de geração de energia. Ele disse ser "um absurdo" que na região Centro-Oeste do país – que contribui de forma contundente para sustentar o agronegócio do Brasil-, ainda sejam utilizadas das mesmas estradas precárias que se utilizava há 40 anos para escoar a produção.
Blairo diz que tem de haver uma decisão política para mudar essa situação. "O Brasil pode chegar, em algumas décadas, a ser a terceira economia do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da China, para isso, basta que o governo faça as escolhas certas", destacou.
Sobre a distribuição dos royalties do petróleo da camada do pré-sal, o parlamentar argumenta que o benefício não deve favorecer apenas os chamados "estados produtores" (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo), já que o petróleo vem de alto mar e, portanto todos os Estados têm o mesmo direito.
Em seguida, explanou sobre o novo Código Florestal e também abordou a necessidade em se criar estímulos à indústria brasileira. "Não faz sentido comprar aqui no Brasil uma patrola por R$ 350 mil, quando a patrola chinesa é oferecida para nós (brasileiros) por R$ 100 mil".
O ex-governador de Mato Grosso fez ainda, uma análise da política cambial, ressaltando que o câmbio deveria estar hoje – se administrado com os olhos no desenvolvimento – entre R$ 2,40 e R$ 2,50 por dólar norte-americano.