“Já perdemos muito tempo. Espero que essa onda de protestos por parte dos caminhoneiros não seja em vão. Que ela sirva para ‘abrir os olhos’ do governo e da iniciativa privada para analisar a forma e perceber que da forma como, hoje, está o transporte de carga no Brasil, não é possível continuar”, externou Blairo Maggi, esta tarde, na tribuna do Senado. "Neste ano, o setor do transporte, dentro desse grande negócio que o Brasil tem, que é o agronegócio, e também os transportes gerais de carga não tiveram a possibilidade de ter uma remuneração que pagasse seus custos e que desse a esses caminhoneiros a sustentação necessária para permanecerem com seus negócios rodando”, protestou.
Maggi lembra que os profissionais reclamam, principalmente, do alto preço do combustível e dos baixos valores dos fretes. Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, tiveram rodovias bloqueadas com os protestos que vêm acontecendo desde a semana passada. Em Mato Grosso, onde começou, hoje foi feito em 10 trechos em 3 rodovias (163, 364 e 070). “É preciso que o Governo Federal tome providências. Os desabastecimentos já podem ser notados, e não só a indústria é a afetada mas a população em geral, quando não encontra o produto na prateleira do supermercado”, alertou.
Blairo diz que, entre as reivindicações da categoria, está a sanção presidencial, sem vetos, do Projeto de Lei n° 4246/2012 que regulamenta a profissão de motoristas profissionais e disciplina jornada de trabalho dessa categoria. O texto prevê, entre outros itens, a isenção dos eixos suspensos do caminhão vazio. A presidente Dilma Rousseff tem até o dia 23 de março para aprová-lo integralmente, aprová-lo em partes ou vetá-lo integralmente. E, o adiamento do financiamento para pagamento em mais um ano.
A respeito do custo dos fretes, o senador explica que, há três anos, o governo, para ajudar a indústria automobilística e de caminhões – “e não estava errado naquele momento” –, criou um programa chamado PSI e, dentro do Finame, criou uma possibilidade de financiamento de caminhões com juros “extremamente interessantes”, de 2,5% ao ano, sem nenhum tipo de correção.
As grandes transportadoras e os autônomos, lembra Maggi, que precisavam comprar dez caminhões, compraram vinte. Os que não precisavam comprar nenhum, compraram dois, três. Essa situação acabou por desequilibrar o mercado de fretes. De acordo com o parlamentar, foram milhares e milhares de novos caminhões que chegaram a Mato Grosso, ao Brasil, às estradas brasileiras. “Fui procurado pelo setor do transporte de Mato Grosso e apoio a causa. Hoje conversei com o governo, durante reunião com ministros, no Palácio do Planalto, sobre a aprovação da Lei dos Motoristas por parte da presidente, sem veto, e também sobre a prorrogação dos financiamentos de caminhões comprados no ano passado. Pontuei a gravidade da situação. Sugeri ao grupo que leve à presidente a necessidade de uma resposta imediata sobre essa questão",destacou.