Ainda não é uma toalha no chão, mas o governador Blairo Maggi já começa a dar sinais de exaustão com o projeto da candidatura do vice-governador Silval Barbosa, do PMDB, a sua sucessão, que ele decidiu bancar. Longe de o político enfrentar algum tipo de resistência, mas a forma como se estabeleceu o procedimento de adesão é que começa a incomodar. A demonstração de força do senador licenciado Jayme Campos, na quarta-feira, quando reuniu até eventuais inimigos políticos, como o caso de Wallace Guimarães, parece ter “pesado na balança”. Na pior das hipóteses, Maggi mudou o discurso.
De uma posição quase inflexível em favor do seu vice, o governador deu consideráveis passos atrás nesta quinta-feira durante reunião no Partido da República. Ao explicar sua preferência por Silval, a quem chama de político fiel e trabalhador em todas as ocasiões possíveis, Maggi mencionou algo como “período de experiementação”. Na prática, uma experiência, do tipo, se der certo, será ele o candidato. Senão, sem problemas.
Em verdade, há tempos que o governador vem dizendo que Silval precisa construir o projeto político, baseado na união de forças capazes de sustentar a candidatura ao Governo. Ou seja, só o PR e o PMDB – e provavelmente o PT – deixariam a aliança governista em risco de sofrer uma derrota eleitoral. Será preciso mais. Silval tem se esforçado, fazendo a política do “bom moço”, procurando conversar com todos. Porém, ao contrário de Jayme Campos, sem o “institinto matador”, mais aguçado, pronto para definir.
Na quarta-feira, Campos deixou um almoço em sua residência certo de contar com o apoio do Partido Progressista, do deputado José Riva, presidente da Assembléia Legislativa, e do deputado federal PedroHenry, de forte liderança política na região Oeste; Percival Muniz, do PPS, com influência no Sul do Estado; Roberto França, sem partido, ex-prefeito de Cuiabá e um dos principais articuladores da eleição do próprio Maggi; Sérgio Ricardo, do próprio Partido da República e que deve firmar dissidência por ter sido ignorado em seu projeto, entre outros. No projeto de Campos ainda estão na mira o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o próprio PSDB.
Sem esconder uma certa insatisfação ainda com a manobra de Campos no episódio envolvendo Luís Antônio Pagot, forçado a renunciar a 1ª suplência – o que garantiu uma maior aproximação do PTB – Maggi negou que tivesse deixado de discutir internamente no PR eventuais candidaturas. Ele lembrou que Pagot e o próprio Mendes declinaram da possibilidade de uma candidatura firme ao Governo. Ignorou o projeto de Sérgio Ricardo e firmou apoio em favor de Silval, que manifestara o desejo de ser candidato a sua sucessão.
Num discurso mais filosófico, Maggi disse que disputar eleição “é plantar para o futuro”. Rebuscada, disse que as eleições de 2010 são preparativos para 2012. “Se fizer bem 2010, chega forte em 2012” – ele comentou.