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Bezerra se cala sobre prisões; Abicalil critica insinuações

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Dois dos principais políticos de Mato Grosso adotaram posturas diferentes para tentar se livrar das intrínsecas ligações com pessoas notáveis presas pela Polícia Federal, na última quarta-feira, numa operação que tentou desmontar um esquema de falcatruas com o dinheiro público. O deputado federal Carlos Bezerra, presidente do Diretório Regional do PMDB, optou pelo silêncio em torno da prisão de três assessores, em que pese ter prometido divulgar uma nota; o deputado federal Carlos Abicalil, presidente do PT no Estado, foi ao ataque: se irritou com o que chamou de insinuações da imprensa sobre sua ligação com o “aloprado” Valdebran Padilha.

Apesar dos comportamentos distintos, há mais entre o céu e o inferno político do momento. A questão do envolvimento de Bezerra com os presos é acentuada. Não há muito o que ele falar, na verdade. A saída de Carlos Bezerra será a banca de advogados provarem que Rafael Bastos, Carlos Miranda e José Luís Bezerra não fazem parte dos negócios escusos descobertos pela Controladoria Geral da União, avalizados pela Polícia Federal. Os três são assessores e integrantes da alta cúpula do Diretório Regional do PMDB, partido que Bezerra mantém sob pulso firme, com “mão de ferro”.

Já Abicalil, em nota, “esclarece – uma vez mais -” que Valdebran Padilha jamais foi seu assessor parlamentar. Ele chama de “ilações” a ligação de seu nome aos atos atribuídos “ao engenheiro Padilha” e, numa observação típica dos adeptos da “teoria da conspiração” acaba quase que entregando seus temores, ao tentar atribuir a questão ao cunho “político-eleitoral das eleições internas do Partido dos Trabalhadores, no dia 18, quando ele tenta ganhar a vaga da sigla para disputar a eleição ao Senado. Ele tem como adversário a atual senadora Serys Slhessarenko.

A Operação Hygeia pode se transformar num calvário na aliança PMDB-PT. Nitroglicerina pura e prato cheio para a oposição ao Governo do momento. De acordo com as investigações da PF, a organização criminosa atuava como uma verdadeira quadrilha. o grupo se organizou primeiramente em Cuiabá e no interior de Mato Grosso para depois se espalhar para outros estados, segundo a delegada Heloísa Albuquerque. O caso começou a ser investigado em 2008 a partir das denúncias do ex-coordenador estadual da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Juca Lemos, um ex-vereador do PT de Rondonópolis, outrora ligado ao grupo de Carlos Abicalil.

Lemos acusou à época uma suposta briga política entre petistas e peemedebistas por causa do comando da instituição. O motivo seria o interesse em desviar recursos. Em troca de sua atuação, foi supreendido com uma publicação no Diario Oficial da União em que seu nome aparecia como exonerado do cargo. A ele não coube sequer um telefonema de “muito obrigado pelos seus serviços”. Seria hilário não fosse trágico.

Juca perdeu o cargo e, insatisfeito com o tratamento obtido do nucleo administrado por Abicalil, bandeou para o grupo da senadora Serys Slhessarenko. O ex-vereador de Rondonópolis é, neste momento, um dos principais articuladores da senadora para a disputa das prévias do dia 18. Mas o “serviço” de Juca ficou: a Polícia Federal abriu inquérito para apurar as afirmaçoes de que recursos do Ministério da Saúde destinados à assistência a índios do Mato Grosso teriam sido desviados para beneficiar a construtora Saneng Saneamento e Construção, de Waldemir Padilha, irmão de Valdebran Padilha.

A ficha de Valdebran mostra como é intrínseca sua ligação com as duas alas da aliança política que se forma para as eleições deste ano. Sempre em busca de negócios com boas margens de lucros, Padilha, na verdade, “operava” antes no PMDB. Com o PT no poder, se entrincheirou: não perdeu tempo e filiou-se à sigla. A ascenção baseada na desenvoltura para atrair recursos foi rápida. Em 2004 foi o tesoureiro da campanha de Alexandre César a prefeito de Cuiabá e mantinha relações muito próximas com Delubio Soares, tesoreiro do PT e um dos operadores do “Mensalão”.

Suplente de deputado estadual, Alexandre César é um dos expoentes do núcleo de operações de Abicalil. Da campanha a prefeito na qual foi derrotado em segundo turno faltando uma semana para a eleição, Alexandre ainda luta para explicar as operações financeiras eivadas de suspeitas e denuncias de caixa 2. O dono da cadeira que Alexandre ocupa atualmente como deputado estadual é Saguas Moraes, que fixou por anos como secretário de Educação do Governo Maggi.

Quando o caso dos “aloprados” explodiu em 2006, Juca disse que Valdebran Padilha, controlava a administração da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Mato Grosso. Foi dele a indicação de Evandro Vitório para o cargo. Evandro era ex-funcionário da Saneng. A indicação foi bancada por Bezerra. Juca mencionou desvio de dinheiro para bancar campanhas do PMDB. Ao mesmo tempo, na CPI dos Sanguessugas se descobriu 29 ligações telefônicas entre o deputado Carlos Abicalil e dois envolvidos na negociação do “Dossiê dos Aloprados” – 27 telefonemas entre o parlamentar e o ex-diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil, Expedito Veloso. E outras duas ligações entre o deputado e Valdebran Padilha.

 

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