Mesmo dando o assunto como encerrado da sua parte, os comentários afirmando esperar que o bispo Dom Pedro Casaldáliga, falecido em agosto passado, tivesse “desencarnado no inferno” e que o “capeta o tenha em bom lugar”, ainda assombram o deputado federal Nelson Barbudo (PSL). Em Sinop, durante visita do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na última sexta-feira, o parlamentar caiu em contradição ao comentar os protestos realizados no aeroporto municipal – que contavam com caixões de papelão para simbolizar a morte do presidente – dizendo que “aí já é extremismo. Eu não participo e tenho nojo de extremismo. Isso para mim, são atitudes irresponsáveis de pessoas que não têm compromisso com a democracia. Eu jamais carregaria um caixão de um presidente que não participasse da minha ideologia”.
Ao ser questionado se as declarações feitas contra Casaldáliga também não eram um ato extremo, Barbudo justificou-se dizendo que jamais desejou a morte do religioso. “Aquilo é uma opinião minha. Na interpretação que dei, eu não desejei a morte de ninguém, mas, depois de morto, cada um vai para o lugar que quer. Jamais, mesmo eu não sendo amigo dele, vocês não acham em lugar nenhum eu dizendo: ‘eu quero que ele morra’. Não. Aí é um respeito com o ser humano. Eu odeio o Lula e nunca declarei que quero ver o Lula morto. Uai, depois que morreu, é outra conversa”, afirmou.
Barbudo, que recebeu muitas críticas dos próprios eleitores (embora também sido elogiado) demonstrou que o tema o incomoda e não quis entrar em detalhes dizendo que, para isso, precisaria de “uma entrevista à parte” porque “tem as pessoas que entendem o trabalho dele como bom e tem as pessoas que entendem como mau”.
Por fim, o deputado admitiu exagero, mas afirmou ter justificativa nos atos de protestos realizados contra Bolsonaro, de quem se diz “amigo”. “Acho que até exagerei, não precisava ter falado aquilo. Só que a esquerda pode degolar o pescoço do Bolsonaro e jogar bola com ele. E quando nos referimos a alguma pessoa que já se foi é um problema. Então, eu nem gosto de tocar neste assunto, é melindroso, envolve religião, eu respeito o cristianismo, respeito todas as religiões. Este assunto eu já dei como encerrado”, declarou.
Fora o caixão, Barbudo classificou os protestos contra Bolsonaro como “normais” e disse que o mesmo aconteceria se o PT tivesse ganhado as eleições e visitasse Sinop. Também disse ter recebido com normalidade e considerou “democrático” o ato de repúdio aprovado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso motivado por suas declarações contra Casaldáliga.