Dados preliminares de uma auditoria apontam que a Sanecap tem dívidas de mais de R$ 200 milhões e não R$ 100 milhões como vinha sendo admitido pela entidade. O valor pode ser herdado exclusivamente pelos cofres públicos, caso sejam repassados à iniciativa privada os serviços de fornecimento de água e tratamento de esgoto.
De acordo com o presidente da Sanecap, Aray Fonseca, a auditoria ainda não foi concluída, mas já detectou dívidas de R$ 100 milhões apenas com energia elétrica, R$ 22 milhões repactuados há poucos dias com a Receita Federal e um valor ainda não calculado que pode chegar a R$ 80 milhões junto a diversos credores. Mensalmente, as dívidas se acumulam em R$ 2,5 milhões.
“Hoje, a Companhia está numa situação difícil de se administrar, mas estamos fazendo o possível para superar essas dificuldades”, afirma Aray, ao defender a possibilidade de concessão dos serviços à iniciativa privada como forma de melhorar o atendimento à população. Apesar disso, ele garante não ter uma posição pessoal diante das opções criadas na lei sancionada na quinta-feira (14) pelo prefeito em exercício Júlio Pinheiro (PTB), mesmo sob violentos protestos.
Aray diz que a indefinição se deve ao fato de não ter participado da elaboração da proposta. Ele avalia ainda que a eventual concessão não implica na extinção da Sanecap. Especialistas ouvidos por A Gazeta, no entanto, afirmam que a tendência da entidade é ser extinta após quitar as dívidas que não podem ser repassadas ao município ou a uma empresa concessionária conforme prevê o artigo 6º da lei. A extinção deve ocorrer nos moldes da antiga Sanemat, Bemat e Prodecap, que passam há mais de 10 anos por processos de liquidação devido a longos embates judiciais.
Mesmo com esse risco, Aray afirma que pretende discutir a possibilidade da Sanecap herdar sozinha as dívidas caso o prefeito Chico Galindo (PTB) decida repassar à iniciativa privada os serviços. “Quando houver uma definição do modelo a ser adotado, pois pode ser uma Parceria Público-Privada (PPP) ou uma parceria com o governo do Estado, vamos ter que discutir essa questão”. O presidente garante ainda que os aproximadamente 600 servidores da Sanecap não correm risco de demissão. Essa possibilidade vem causando revolta junto ao Sindicato dos Trabalhadores.