Freud Godoy, assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que vai pedir demissão. Nas próximas horas, ele deve enviar uma carta com o pedido para o chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho. Em entrevista exclusiva ao G1, Godoy afirmou que o presidente “está desconfiado” dele. Essa impressão, disse, resultou de uma conversa com o próprio presidente.
O assessor garantiu que deve se apresentar à Polícia Federal ainda hoje. “Eu tenho como provar o contraditório fácil, fácil. É só pegar minhas ligações telefônicas”, disse.
Freud Godoy admitiu ter conhecido há quatro meses o advogado Gedimar Passos, preso na Polícia Federal em São Paulo, acusado de participar da negociação com petistas de um dossiê que envolveria com a máfia dos sanguessugas tucanos como o presidenciável Geraldo Alckmin e o candidato a governador de São Paulo José Serra. O suposto envolvimento de Godoy na negociação foi revelado na edição desta segunda do jornal “O Estado de S. Paulo”. A referência a Godoy teria sido feita por Gedimar Passos no depoimento que prestou à Polícia Federal.
Desde que conheceu Passos, Godoy teria encontrado com ele quatro vezes, sempre em conversas rápidas. O assessor de Lula nega qualquer envolvimento na negociação do dossiê contra José Serra e Geraldo Alckmin.
No fim de semana, Gedimar afimou ter recebido de “um homem chamado Freud” a instrução para que pagasse R$ 1,75 milhão pelo dossiê. “Não sei de nada. O cara me colocou no rolo”, lamentou o assessor.
Freud Godoy é assessor especial da Secretaria Particular da Presidência. Trabalha há 17 anos com Lula, de quem foi segurança. No passado, coordenou a segurança das quatro campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. “Tenho uma vida ao lado dele”, afirmou. Também já foi dono de uma empresa de segurança privada em São Paulo.
Godoy faz parte da relação de 974 filiados ao Partido dos Trabalhadores que ocupam cargos de confiança no governo federal. É uma das 22 pessoas lotadas na secretaria particular do presidente.
Leia trecho da entrevista com o assessor:
G1 – Como alguém pode ter citado seu nome sem que você tenha nada a ver com a história?
Freud Godoy – Não sei cara. O Gedimar, eu conheci esse cara há quatro meses. Me apresentaram ele. Eu não tenho a menor relação com ele. Nunca tratei nada disso com ele. Encontrei com ele quatro vezes, em conversas rápidas. A primeira e a última foram cumprimentos só. Sabe, não consigo pensar em nada. Se é para atingir o presidente, isso é um tiro no pé. Tem de ter pelo menos uma relação com as pessoas. Eu tenho como ir na Polícia Federal provar o contraditório fácil, fácil. É só pegar minhas gravações telefônicas. Não devo nada, cara. Não tenho que contar história para ninguém.
G1 – Há quanto tempo você conhece o presidente e trabalha com ele?
Godoy – Conheço o presidente há 17 anos.
G1 – Você disse que hoje vai à PF. O que pretende fazer amanhã? Vai mesmo ficar fora do cargo?
Godoy – Estou mandando um e-mail para o Gilberto (Carvalho) agora. Vou resolver meu nome. Depois que eu provar que sou inocente eu volto.
G1 – Você mora em São Bernardo?
Godoy – Moro em Santo André.