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Arcanjo diz a PF que cuidava só dos “empréstimos maiores” para políticos

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João Arcanjo Ribeiro, o “comendador” do crime organizado de Mato Grosso, recém-deportado do Uruguai, prestou depoimento à Polícia Federal. Ao abrir a boca, o criminoso com nome de anjo de ordem superior aproximou a tesouraria do PSDB da lixeira.

Condenado a 37 anos de cana, o “comendador” repetiu à PF algo que já fora denunciado há três anos por seu ex-gerente, Nilson Roberto Teixeira. Diz respeito às arcas clandestinas do tucanato mato-grossense. De acordo com relato do repórter Hudson Corrêa (na Folha, para assinantes), deu-se o seguinte:

“O ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro afirmou à PF -no inquérito sobre suposto caixa dois do PSDB- que Dante de Oliveira, ex-governador tucano de Mato Grosso, pegou dinheiro emprestado de sua empresa de factoring, para cobrir gastos de campanhas eleitorais ‘na forma como foi narrada por Nilson Roberto Teixeira (o ex-gerente de Arcanjo)’.

Teixeira narrou à PF, no início de abril, o que já havia dito à Justiça em 2003: Dante pegou dinheiro da Confiança Factoring, a empresa de Arcanjo, e pagou a dívida com cheques do Dvop (antigo órgão de obras públicas do governo tucano de 1995 a 2002). Assim, teria ocorrido desvio de dinheiro público para bancar a campanha de 1998 e débitos ainda de 1994.

Segundo a Justiça Federal de Mato Grosso, a Confiança Factoring recebeu do Dvop R$ 8.332.775,21 de janeiro de 1998 a fevereiro de 2003. A PF tomou o depoimento de Arcanjo ontem, no presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, onde ele está preso desde março.

Por determinação da Justiça Federal, a PF investiga também as do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), que perdeu o governo de Mato Grosso em 2002. Segundo o delegado federal Tony Barbosa de Castro, que ouviu Arcanjo, outra pessoa cuida do inquérito sobre a campanha de Antero e, por isso, não teria havido perguntas sobre o senador.

’Ele mencionou Antero como um velho conhecido’, disse, após o depoimento, o advogado Zaid Arbid, que defende Arcanjo. Segundo ele, Teixeira era procurado quando o empréstimo era menor. Para quantias maiores, a conversa era com o ‘comendador’. ‘Eu sei que ele falou que na última eleição [de 2002] ele recebeu um candidato majoritário em sua fazenda. E esse candidato, inclusive, estava de chapéu. Ele não deu o nome’, relatou o advogado (…).”

Dante e Antero, estrelas do PSDB de Mato Grosso, vêm se desdobrando nos últimos anos para desacreditar todos os que ousam aproximar os borderôs de campanha do tucanato dos guichês da empresa de factoring do crime organizado. Agora, os dois terão de desmentir o próprio crime organizado, personificado em Arcanjo.

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