Parecia mais uma daquelas festas que só a nata da sociedade cuiabana prestigiava nos tempos que a figura mais ilustre de Mato Grosso era cortejada por políticos e empresários. Naqueles tempos, se disputava um aperto de mão ou um tapinha nas costas do “Comendador”, João Arcanjo Ribeiro. Só que em 11 de março deste ano, o cenário era outro: na primeira entrevista que concede a imprensa de Mato Grosso, o homem acusado de chefiar o crime organizado em Mato Grosso chegou algemado. A recepção não era a mesma e começa uma outra história no Estado.
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Trajando uma camiseta listrada e uma calça jeans com tênis branco, João Arcanjo Ribeiro estava com fisionomia alegre e descontraída. Ele se dispôs a um debate na sala da direção da Penitenciária do Pascoal Ramos com sete jornalistas de Cuiabá – entre os quais, Rubens de Souza, de 24 Horas News – em uma hora e dez minutos. Na ocasião ele fala sobre a sua fuga de Mato Grosso, dos homicídios, dos financiamentos das factorings e da separação de Silvia Chirata, momento em que se emocionou.
Arcanjo falou de suas credenciais: lembrou que é o segundo maior produtor de peixe do mundo. Já condenado a 49 anos de prisão pela Justiça Federal, ele viu seu império ruir em ações de investigação, medidas judiciais, liminares e outros mais artifícios jurídicos. Apesar disso, diz que não tem mágoas do procurador da República, José Pedro Taques, e tampouco do juiz federal Julier Sebastião da Silva. Com fala tranqüila, arriscou palpite sobre as eleições deste ano: ele acha que Lula vence.
Sem se exaltar, evitou entrar no mérito sobre suas condenações. Ele afirmou que tem “muitas coisas para resolver”, mas que para revelar não tinha nada mais. Arcanjo disse ainda que não tem medo de ser assassinado como uma possibilidade de “queima de arquivo”, mas admitiu que teve medo de morrer. “Estou buscando a verdade” – comentou. Ele informou que está vivendo de uma renda de aproximadamente 10 mil dólares provenientes do hotel que construiu em Orlando, na Flórida (EUA), avaliado em 70 milhões na cotação da moeda americana. Com efeito, disse que se considera “empresário do povo”, ao discorrer sobre o jogo do bicho, atividade que mantinha antes da “Operação Arca de Noé”.
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