A oposição está cobrando explicações do prefeito Juarez Costa (PMDB) sobre o depoimento dado, em 25 de fevereiro passado, pelo principal operador dos empréstimos ilegais descobertos na operação Ararath, Júnior Mendonça, que afirmou ter emprestado R$ 500 mil para o prefeito Juarez Costa comprar uma sentença no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e não ser cassado por corrupção eleitoral, no primeiro mandato (2009). O dinheiro teria sido entregue ao então presidente, desembargador Evandro Stábile, que está afastado pela justiça de suas funções, há vários meses, acusado de venda de sentenças O vereador Wollgran Araújo (DEM) declarou, hoje, que “a denúncia é muito grave e vem de alguém de que está envolvido no processo, que tem delação premiada. Gera um desconforto muito grande na cidade. Vamos cobrar explicações”, afirmou, ao Só Notícias.
O vereador Fernando Assunção (PSDB) disse que o prefeito precisa se explicar "com urgência. De onde veio o dinheiro para ele pagar essa setença, como denuncia o empresário ? Por quanto tempo pagou juros ? Como o prefeito que ganha hoje R$ 15 mil por mês teria R$ 500 mil para pagar isso ? No primeiro mandato, quando o empresário relatou que ocorreu esse caso, ele ganhava R$ 9 mil", afirmou. "Se a câmara não apurar a fundo essa denúncia contra o prefeito, pode perder credibilidade. A princípio, o crime não prescreveu e creio que podemos criar uma CPI, embora a oposição não tenha 5 assinaturas para apresentar o pedido", emendou.
Segundo o empresário Junior Mendonça, a decisão de pagar para que Juarez permanecesse no cargo partiu do próprio governador Silval Barbosa (PMDB), que é principal aliado na região Norte. No depoimento, Mendonça diz que, em 2009, foi procurado pelo ex-membro do pleno do TRE, Eduardo Jacob (já falecido) "a mando" do governador Silval Barbosa e "levantar a quantia emprestada de R$ 500 mil para pagamento de propina para Evandro Stabile, para resolver o problema da cassação de Juarez, vez que este somente prefereria a decisão caso a propina fosse antecipada".
Conforme Só Notícias já informou, ainda na versão de Junior, o então juiz Eduardo Jacob teria lhe dito que Juarez estava temeroso em trazer o dinheiro de Sinop para Cuiabá. Junior diz que, então, sacou o dinheiro -em espécie- "e entregou nas mãos de Eduardo Jacob", na casa do ex-membro do TRE, recebendo um cheque datado para 60 dias com juros de 3%. No depoimento consta tambe'm que "o cheque emitido por Juarez foi resgatado, por Jacob, dias depois, com o pagamento em espécie".
Junior Mendonça é apontado pela justiça federal como principal operador, juntamente com Eder Moraes, de empréstimos fraudulentos que foram repassados para vários políticos e que foram "pagos com recursos públicos".
Outro lado
O advogado Alexandre Pereira disse, ao Só Notícias, que tomou conhecimento da denúncia, pela imprensa. "Juarez não foi notificado de nada. Desconheço qualquer possível atitude ilícita do governador em favor de Juarez. Não tive acesso a íntegra do depoimento dele e não tenho conhecimento oficial do conteúdo da delação premiada. Posso antecipar que todas decisões judiciais da manutenção do cargo pelo prefeito foi feita dentro da legalidade. Ganhamos o processo reprovação de contas e de cassação, que foram anulados e obtivemos vitória tanto em primeira instância quanto no tribunal, obtendo votação unanime no TRE e TSE".
(Atualizada às 09:59h)