O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, prorrogou por mais 60 dias, os trabalhos da força-tarefa composta por 5 procuradores da República que estão atuando em Mato Grosso de forma conjunta para investigar documentos apreendidos na 5ª fase da Operação Ararath, que investiga políticos e empresas envolvidos em empréstimos ilegais e que seriam pagos com recursos do governo estadual. Também são alvos da investigação, alguns membros do Ministério Público Estadual (MPE), citados na Operação Ararath que investiga políticos e empresários suspeitos de envolvimento em crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
Janot destacou, esta noite, que houve evolução nos trabalhos e por isso surgiu a necessidade de se adotar novas estratégias no sentido de prosseguir com as apurações que ainda precisam de mais provas que ainda não foram obtidas.
Ele afirmou que parte das investigações está adiantada, porém, outras ainda precisam de provas conjuntas e por isso a decisão de prorrogar o prazo de atuação da força-tarefa teve o aval do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF). Conforme Só Notícias já informou, Janot também confirmou que a procuradora Vanessa Ribeiro Scarmagnani, de Mato Grosso recebeu ameaças e está sob proteção policial. Sem dar mais detalhes, disse apenas que as ameaças estão sendo investigadas, mas ainda não se tem pista de onde partiram.
O teor da ameaça seria a integridade física da procuradora. Ela também não quis comentar o assunto. “Por minha segurança não vou me pronunciar”, disse.
Janot refutou a hipótese de que as procuradoras de Mato Grosso, Vanessa Ribeiro Scarmagnani e Denise Müller Slhessarenko, não estariam dando conta de conduzir os trabalhos e por isso teria sido criada a força-tarefa para suprir eventuais falhas na atuação de ambas. “Isso é uma inverdade, as colegas têm atuação profissional como poucos procuradores da República tem em todo o Brasil”, disse ele destacando em seguida que a única finalidade é auxiliar na apuração dos documentos objeto das várias buscas e apreensões realizadas. “ O material é vastíssimo e por isso o concurso desses colegas que têm experiência profissional na apuração dos fatos e das provas decorrentes desta busca e apreensão”.
Questionado se o esquema pode ser considerado um dos maiores do Brasil, Janot disse o seguinte: “Se é um dos maiores do Brasil eu não sei, mas que ele é enorme é”. O procurador destacou ainda que os resultados das investigações estão sendo compartilhados com o Ministério Público Estadual, pois alguns dos crimes investigados, são de competência do MPE investigar e futuramente ingressar com ação. Nesta sexta-feira (11), o procurador-geral da República se reúne com membros do Ministério Público do Estado.
Janot defendeu ainda a continuidade do sigilo sobre o inquérito, para segundo ele, preservar a investigação, os investigados e para facilitar os trabalhos, pois o vazamento de informações incompletas acabam retardando o processo de investigação. “Até então o que foi apurado está sob sigilo até que possamos judicializar todas essas questões e ai sim será levantado o sigilo. A sociedade como um todo poderá ter conhecimento do que foi apurado e do que está judicializado”.
Além das 2 procuradoras de Mato Grosso, também integram a força-tarefa os procuradores Gustavo Pessanha Veloso, da Procuradoria da República da 1ª Região, Ronaldo Pinheiro Queiroz (RN) e Rodrigo Leite Prado (MG). O trabalho conjunto das instituições, Polícia Federal e 2 unidades do Ministério Público Federal, apura 8 crimes: lavagem de dinheiro, organização criminosa, gestão fraudulenta de instituição financeira, agir como se instituição financeira fosse, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e falsificação de documento público.
A última fase da operação, desencadeada há cerca de 40 dias, resultou nas prisões do deputado José Riva -que ficou 4 dias em Brasília- e do ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, que continua preso na capital federal. Também foi preso um ex-superintendente de um banco investigado.