Citado como um dos beneficiários dos empréstimos fraudulentos que resultaram na operação Ararath, da Polícia Federal, o senador Blairo Maggi (PR) negou qualquer participação no suposto esquema e anunciou que vai deixar a política, com o término de seu mandato, em 2018. Em entrevista à revista Veja, na Europa, se disse constrangido com a situação e negou conhecer o empresário Júnior Mendonça, delator do caso, que apontou Eder Moraes, ex-secretário de Estado (que articularia das movimentações) de falar em nome dele e também do governador Silval Barbosa (PMDB).
Maggi disse não ter necessidade de simular empréstimo, mas contou que “apenas” deu aval para um amigo, em um banco, que não conseguiu pagar a dívida e a agência o cobrou. “Nosso grupo fatura uns 5 bilhões de dólares por ano. Não precisaria simular um empréstimo de R$ 380.000. Os números são muito desproporcionais. Quem faz esse tipo de acusação deveria ter um pouco de senso para saber que isso não combina conosco. Deveriam antes pedir uma explicação. Mas não, chegam e detonam com todo mundo”, diz em trecho da entrevista. Eu nunca vi esse cidadão (Júnior Mendonça). De repente ele aparece e diz que teve negócio comigo? De que jeito? O grande problema de tudo isso, além dos custos de defesa, é o risco de imagem que você tem”.
Citando os transtornos e os gastos com a defesa, Blairo fez uma análise da carreira na política. “Não é recomendável às pessoas que têm negócios fazer política. Eu, por exemplo, já marquei a data. Vou deixar a política. Assim que terminar meu mandato de senador, encerro minha carreira. O Brasil tem muitos desses problemas, os interesses são muito grandes e as pessoas circulam muito próximo do poder. E muito complicado. Para você se enrolar, basta um descuido. Não disputo mais o Senado. Não disputo mais nada. Vou voltar para minha casa e vou ser feliz. Já dei minha participação nesse processo todo”, declarou. “Vou voltar para casa e ser feliz”, acrescentou.
A operação Ararath foi deflagrada para desarticular rum esquema de lavagem de dinheiro, que teria resultado inclusive na compra da cadeira do conselheiro Sérgio Ricardo, no Tribunal de Contas do Estado. O deputado José Riva (PSD), que foi preso no início da semana, acusado de receber mais de R$ 3 milhões de empréstimos ilegais operados pelo ex-secretário Eder (que continua preso), foi solto ontem.
Além das prisões, 30 mandados de condução coercitiva (no qual a pessoa é levada para depor e depois liberada) e 59 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Alguns deles na Assembleia Legislativa, Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas do Estado, Prefeitura de Cuiabá e residências do prefeito Mauro Mendes (PSB) e governador Silval Barbosa (PMDB), que chegou a ser detido por ter uma pistola com documentação .