A Polícia Federal deve manter nos próximos dias o ritmo das investigações da Operação Hiena, que culminou, esta semana, na prisão de dois auditores fiscais, um técnico da Receita Federal, dois procuradores da Fazenda Nacional e três empresários por sonegação de impostos, em Manaus.
O delegado responsável pelo inquérito, Guilherme Farias, informou que pelo menos dez pessoas podem ser chamadas a prestar depoimento até o fim deste mês, quando as investigações devem ser concluídas.
“Ainda não é possível falar sobre o número exato dos envolvidos nesse esquema de sonegação de impostos, mas a princípio temos nomes de dez suspeitos que serão intimados a qualquer momento para depor. Não podemos divulgar esses nomes sob pena de prejudicarmos o andamento das investigações”, informou o delegado.
De acordo com a Polícia Federal, apenas um dos envolvidos no esquema não teve seu pedido de prisão prorrogado – o empresário Geraldo Ribamar Brandão porque, segundo Farias, foi quem mais contribuiu durante os depoimentos dos presos.
“O empresário Geraldo Brandão foi o único que eu não pedi a prorrogação de prisão porque, durante seu depoimento, ele forneceu informações importantes para elucidar questões relacionadas à sua empresa, parte do quebra-cabeça que estamos desmontando”, disse.
Segundo o delegado Guilherme Farias, o empresário atuava como intermediário da empresa em que trabalhava, a Showa do Brasil, e o escritório do procurador da Fazenda Nacional Haroldo Jatahy de Castro. Com a ajuda dos servidores da Receita Federal, Brandão direcionava processos relacionados a dívidas tributárias com a União.
A Operação Hiena teve início em agosto de 2006, quando a Polícia Federal promoveu a Operação Saúva, também em Manaus, onde foi desmantelada uma organização criminosa formada por empresários do ramo de distribuição de gêneros alimentícios, que fraudava licitações em diversos órgãos municipais, estaduais e federais.
Nesta época, documentos suspeitos da Receita Federal foram encontrados na casa do auditor fiscal Sandoval Fernando Cardoso de Freitas, suspeito atualmente de ser o líder da quadrilha descoberta na Operação Hiena.
Segundo a Polícia, os suspeitos usavam um escritório de advocacia como fachada para atrair empresários e beneficiá-los em fiscalizações. Os servidores da Receita também elaboravam documentos que permitiam a sonegação de impostos. Numa previsão inicial, a Polícia Federal estima que a União tenha deixado de recolher algo em torno de R$ 50 milhões devido a atuação da quadrilha. Entre as principais acusações aos suspeitos estão a de formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica, tráfico de influência e corrupção ativa.