O resultado da interferência do Palácio Paiaguás na eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa revelou a necessidade de um perfil mais político para o titular da secretaria estadual da Casa Civil. A avaliação é do deputado estadual Zeca Viana (PSD), para quem a articulação do Executivo quanto ao pleito deixou o governo em uma situação difícil perante os parlamentares da oposição.
A pasta é atualmente comandada pelo primo do governador Pedro Taques (PDT), o advogado Paulo Taques, a quem coube representar os interesses do Executivo em todas as negociações que envolveram a eleição da nova presidência da Assembleia.
“Não estou criticando o Paulo Taques, pelo contrário. Ele é um cara excelente, íntegro, que tem um posicionamento que o [governador] Pedro Taques precisa, mas para fazer a parte mais macro da Casa Civil. Para fazer a parte política, é preciso , urgentemente, arrumar um político”, afirmou o deputado momentos após a sessão solene que marcou a eleição de Guilherme Maluf (PSDB) ao cargo de presidente do Parlamento.
Zeca, que na última semana antes da eleição resolveu também se lançar candidato a presidente, revelou os bastidores de como tomou sua decisão. Disse ter sido “vetado” por Eduardo Botelho (PSB), eleito primeiro vice-presidente, como candidato a primeiro-secretário na chapa encabeçada por Maluf.
“Eles sabiam que eu, como primeiro-secretário, traria a oposição junto. Para o Maluf foi sem problema nenhum, mas chamaram o Botelho e ele vetou. E não houve nenhuma reação do Paulo Taques nem do próprio Maluf”, relatou Zeca, completando ter, então, tomado a decisão de lançar uma chapa própria.
O presidente do PDT no Estado, o deputado também cobrou uma “correção” por parte do Palácio Paiaguás da suposta estratégia de trocar a indicação de cargos no Executivo por votos de deputados da oposição a Maluf. Para ele, caso isso não ocorra, o governo Pedro Taques poderá se tornar co-responsável por eventuais desvios de conduta dos novos dirigentes do Parlamento. “Como eles tiveram essa interferência, vão ter que ter responsabilidade com os gastos desta Casa. As denúncias de qualquer desvio de conduta que houver aqui dentro, eu vou mandar para o Palácio”.