As lideranças do PSDB e do PFL no Congresso se lançaram ontem numa operação para tentar neutralizar as declarações do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), de que a aliança entre os dois partidos corre o risco de não vingar.
Irritado com a repercussão no Congresso da declaração de Maia, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), passou o dia tentando debelar impasses regionais que vêm agravando a crise entre as siglas em torno da pré-candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência.
A principal articulação de Tasso ocorreu pela manhã, em reunião com os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Agripino (PFL-RN) e o deputado ACM Neto (PFL-BA).
Tasso informou que o PSDB não terá candidato próprio ao governo da Bahia, à revelia do diretório estadual, e que Alckmin apoiará a reeleição do pefelista Paulo Souto. A Bahia é um dos Estados apontados como mais complicados para a união.
Os outros são Sergipe, Maranhão e Alagoas. Nos bastidores, tucanos diziam ontem que até o final da semana o PSDB também cederá em Sergipe.
O auxílio de ACM para desatar os nós regionais do PFL não só solucionaria o impasse local como também fortaleceria a indicação de Agripino –preferido da maioria da cúpula do PSDB e de ACM– para a vice de Alckmin.
Tasso voltou ontem a desautorizar Maia que, na véspera, afirmou que talvez “melhor seja que o PFL não tenha candidato a vice” e tenha “flexibilidade” para alianças.
“Qualquer problema do PSDB é levado ao presidente [do PFL, Jorge] Bornhausen por mim e qualquer problema do PFL é trazido a mim”, reagiu Tasso, numa resposta à nota divulgada pelo ex-blog do prefeito: “Mas Tasso! Se até no Ceará seu grupo está apoiando o candidato do PSB –irmão de Ciro Gomes– contra o governador do PSDB! Imagine em relação ao PFL!”.
Alckmin chegou no fim da tarde a Brasília, onde teve agenda intensa de reuniões. Antes da primeira delas, com Bornhausen, minimizou a crise.
“É natural que existam dificuldades. Os problemas são singularidades estaduais.” Para Bornhausen, “a indicação do vice é uma possibilidade concreta. A não-indicação, inviável”.
Os senadores Agripino e José Jorge (PFL-PE), que disputam a indicação para a vice, seguiram o tom.
“O PFL já decidiu pela aliança, esse risco não existe”, disse Jorge. Segundo Agripino, Maia agiu em “legítima defesa” diante do lançamento de Eduardo Paes (PSDB) ao governo do Rio.
O principal motivo da crise entre as duas siglas é a resistência de tucanos em apoiar algumas candidaturas do PFL.
“Prefiro cicuta a fechar uma aliança com os Sarney”, disse o presidente do PSDB do Maranhão, Sebastião Madeira.
Pressionado a desistir da candidatura ao governo do Amazonas em favor do PFL, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, foi mais duro: “Não se pode pedir rendição para pessoas que têm tradição de combate entre si. Isso seria suicídio”.
O ex-governador de Goiás Marconi Perillo descartou a possibilidade de apoiar o candidato do PFL, Demóstenes Torres, a sua sucessão.