O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Mozart Valadares, promete levar à Advocacia Geral da União (AGU) a denúncia de que o ministro Fernando Haddad (Educação) cometeu abuso de poder político no sábado (20) quando esteve em Cuiabá, onde sinalizou que o município seria mais contemplado pelo Governo Federal com uma eventual vitória do candidato a prefeito pelo PR, Mauro Mendes.
A promessa de levar o caso ao conhecimento do advogado-geral da União, José Antônio Dias Toffoli, foi feita na noite de segunda-feira (22), quando Mozart Valadares ministrou uma palestra no lançamento da campanha “Eleições Limpas”, juntamente com o juiz eleitoral Marlon Jacinto Reis.
Mozart alega que Haddad, assim como os demais ministros do governo Lula, já foram alertados pela AGU sobre os riscos dos crimes eleitorais. “Ele não é analfabeto. Ele conhece a legislação”, disse.
De acordo com Vilson Nery, um dos coordenadores estaduais do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), o presidente da AMB foi mais longe. “Ele disse que, se o ministro afirmou mesmo o que foi publicado pela imprensa de Cuiabá, deve responder por isso. Todo mundo sabe que pedir voto não é proibido, mas tem que ter uma postura republicana”, completa.
Mozart Valadares fez a polêmica declaração depois de encerrar sua palestra que abriu a campanha “Eleições Limpas” no Estado. Depois da apresentação do juiz maranhense Marlon Reis, ele pediu novamente a palavra para comentar o assunto envolvendo Haddad.
Ao participar de uma caminhada no Centro de Cuiabá com Mauro Mendes e vários cabos eleitorais, Haddad, que é filiado ao PT, disse no sábado que, se o republicano for eleito, a relação do município com os ministérios pode ser melhor.
Defesa – O secretário de Estado de Educação e vice-presidente estadual do PT, Ságuas Moraes, rebateu ontem a denúncia. Alega que não soou como uma ameaça a declaração do ministro. “Ele não disse nada para pressionar os eleitores. Só disse que, estando todo mundo no mesmo ambiente político, isso facilita. Prova disso é que Cuiabá foi uma das capitais mais beneficiadas pelo governo Lula”.